Pelo menos quatro casos de acidentes graves (com vítimas fatais) nos últimos dias, em Anápolis, chamaram a atenção para um fato que é por demais, conhecido de todos. A combinação (se é que se pode chamar de combinação) fatal entre volante e bebida alcoólica. Não se discute, agora, a questão da “Lei Seca” dos aparatos jurídicos existentes nos códigos, nas leis de trânsito, no dia-a-dia de todos os brasileiros e brasileiras, quando se fala em desastres com veículos, seja nas rodovias, seja nos centros urbanos. O fato concreto é que, em que pese todo um trabalho governamental no sentido de se combater essas tragédias, os números só aumentam.
Até que poder-se-ia contemporizar, afirmando que o aumento do número de acidentes é proporcional ao aumento no número de veículos, e, consequentemente, de condutores. Mas, não é bem esta a matemática. Fala-se, aqui, de vidas, de pessoas que estão morrendo, a maioria no esplendor da juventude, gente ainda no auge da produtividade que deixam as famílias com a dor da perda e a desestabilização emocional, econômica e social. Uma morte, uma mutilação, uma paraplegia por conta de acidentes inexplicáveis (ou até, explicáveis) são coisas que não se absorvem com tanta facilidade.
A mãe que chora a perda do filho que gerou, cuidou e amou com tanto carinho e sofrimento durante muitos anos, por certo não compreende isso. A esposa que fica viúva com filhos para criar, com dificuldades de manter as coisas em ordem, também, não se conforma com as explicações técnicas. Da mesma forma o filho (ou a filha) que fica órfão, com toda a certeza não entenderá as justificativas dos estudiosos da matéria.
Definitivamente é preciso que se faça algo para que o Brasil deixe a liderança desse ranking macabro, de campeão em mortes no trânsito. Mas, fazer o quê? Leis mais severas, mandar para a cadeia os responsáveis pelos crimes e acidentes? Impedi-los de dirigir? Isto resolve? São perguntas que mexem com o emocional e com a imaginação de todos. Dificilmente hoje, em qualquer família, não se encontra um caso de acidente, das mais variadas gravidades. E, infelizmente, na maioria deles, há o ingrediente chamado álcool. Em dosagens maiores, ou, menores. O certo é que os números dos organismos policiais e judiciários comprovam. É o álcool, sim! Cientificamente está provado que ele interfere no reflexo das pessoas, na capacidade de raciocinar e de discernir. A pessoa alcoolizada, com toda a certeza, tem limitações para qualquer atividade, incluindo dirigir veículos automotores.
Assim sendo, está mais do que provado que o combate tem de ser, sim, ao alcoolismo. Pouco adianta modificar a lei, prender, tirar a liberdade, aplicar pesadas multas. Isto já vem sendo feito e as pessoas continuam bebendo e dirigindo. Dirigindo e bebendo. Desta forma, não se elimina o problema combatendo o efeito e, sim a causa. Precisamos de clínicas especializadas para o tratamento do alcoolismo. Precisamos de verbas, recursos e projetos para o desenvolvimento de campanhas mostrando o que o álcool causa na vida das pessoas, principalmente naquelas que não se controlam e vão para o trânsito com o organismo comprometido por essa droga legal. A sociedade precisa conhecer melhor os efeitos da bebida alcoólica. Nem todo bêbado é malandro, bandido ou, irresponsável. Rejeitá-los, mandá-los para a cadeia não vai resolver o problema. Em grande parte, eles são doentes, vítimas do alcoolismo, que precisam de orientação, tratamento, de apoio. Muitos são pais de família, são profissionais, são pessoas que, infelizmente, se escravizam diante de uma garrafa, de uma latinha ou, de um copo. O resultado, todo mundo sabe: hospital, cadeia ou cemitério.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...