Caminhando para o terceiro mês e, para o esquecimento das autoridades, o desaparecimento de seis garotos na cidade de Luziânia (66 km de Brasília) continua sendo o maior desafio para as autoridades policiais, não só do Estado, mas, por que não, do Brasil? Esses meninos desaparecidos têm uma identidade; uma filiação; são cidadãos; filhos de famílias trabalhadoras e, aparentemente, não tinham ligações criminosas com qualquer grupo, o que poderia caracterizar um “acerto de contas”, como é comum se dizer na linguagem policial. Não, nada disso aconteceu.
Do que se sabe é que no espaço de poucas semanas, seis garotos sumiram como fumaça, numa cidade que não é tão grande assim. Além do mais, fica a poucos quilômetros da Capital da República, onde repousam os principais recursos para operações na área da segurança. No primeiro momento, com a presença da mídia, deu-se grande valor ao fato. Secretários; governadores; senadores; deputados; lideranças comunitárias e, palpiteiros, muitos palpiteiros, se envolveram, cada qual dando uma opinião, cada qual dando uma sugestão.
Acontece que, passados os quase três meses, nenhuma notícia, nenhuma pista, nenhuma informação, nenhum indício. Há um mistério profundo em torno de tudo isso. Um mistério enigmático, por sinal, uma vez que, quem deveria estar falando sobre o assunto, não fala. É imensurável a dor de uma família, principalmente de uma mãe, ver seus entes queridos sumirem desta forma. Quiseram, até, comparar o caso das mães de Luziânia com as “Mães da Plaza de Mayo” na Argentina. Lá, também, dezenas delas se reúnem, toda semana, em busca de notícias, de informações de seus filhos desaparecidos há décadas, querendo ter, pelo menos, o direito de sepultá-los. Mas, no caso da Argentina é explicável. Trata-se de questões políticas, guerrilhas e outros conflitos.
E, Luziânia? Por que alguém teria interesse em dar cabo de seis garotos de periferia, sem pedido de resgate, sem explicações plausíveis e sem uma justificativa aceitável. Não dá para entender, por exemplo, quando se fala que os desaparecidos tenham sido levados para fora do Brasil. Ora, como é que seis pessoas saem do País, embarcam em um avião, ou num ônibus, o que for, e não deixam um vestígio sequer? E tem mais: se os garotos viajaram de livre vontade, embora sejam menores de idade, por que nunca mais qualquer um deles se comunicou com a família?
A sociedade goiana não pode se desmobilizar, deve continuar cobrando, exigindo, até, uma resposta para esse caso. Afinal de contas, ninguém gera e cria filhos para perdê-los de uma maneira tão cruel como esta. Somente quem é pai, e quem é mãe, pode entender o sofrimento dessas famílias. E, é bom lembrar, que as nossas autoridades, também, têm filhos. E filhas.
A “proibição” da liberdade de expressão
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