E aí, Zé…
Desculpe a intimidade, mas é que acho, agora, estranho chamar lhe de José de Alencar. Perdoe-me, ainda, não haver escrito-lhe antes, mas é que poderia soar estranho encaminhar uma correspondência pessoal ao então Vice-Presidente da Republica.
Gostei, muito, de vê-lo na solenidade de Aniversario de São Paulo. Pela vez primeira achei que uma homenagem se revestiu de justiça e brilho. Os que foram homenageados, agora e antes de ti, haverão de valorizar mais o galardão recebido.
Achei-te um pouco abatido, mas, também, pudera. Tantas cirurgias, tantas terapias. Acho mesmo que poucos, talvez, você, para aguentar tamanho tranco. Perdi a conta de tantas quantas foram as cirurgias a que te submetestes. Salvo engano, a primeira de suas cirurgias foi em 1997 quando retirastes parte do estômago e rim direito. Tantas outras se seguiram: próstata; vesícula; peritônio; coração; intestino, cirurgias realizadas em São Paulo, nos Estados Unidos. Pior são as sessões de quimioterapia, radioterapia, não sei como você aguenta. Perdi, ainda, a conta de quantos infartos aconteceram, quantas angioplastias, revascularização fizestes.
O que me impressiona é que não desistes, nunca. Meus colegas do Sírio Libanês jamais viram tamanha persistência. Agora mesmo, lhe ouço falar que lutas contra a morte. Modéstia. Zé… Já a vencestes. Acho, mesmo, que tu és um verdadeiro Quixote ou, pelo menos, aprendestes a receita do bálsamo da vida. Senão, recordemos o que Dom Quixote disse a seu fiel escudeiro Sancho Pança:
– É um bálsamo do qual tenho a receita na memória, com o qual não precisam ter medo da morte, nem pensar em morrer por qualquer ferimento; e assim, quando o tiver preparado e o entregar a você, se constatar que me partiram o corpo ao meio em alguma batalha, como muitas vezes pode acontecer, recolha o pedaço do corpo que tenha caído ao solo (com muito cuidado, antes que o sangue fique gelado) e a coloques sobre a outra metade que tiver ficado na sela assegurando-se que estejam bem encaixadas; a seguir, me faça beber só dois tragos do referido bálsamo e verás que eu estarei mais saudável que uma maçã.
Zé você é grande demais. Não sabes a força que tens passado a tantas pessoas que padecem de câncer. Por isto, antes de agradecer aos milhões de pessoas que rezam, oram por ti, lembre-se que tu tens retribuído dando-lhes um exemplo de luta e amor pela vida. E pensar que algumas pessoas se lamentam por tão pouco.
Zé… não quero mais cansar-lhe. Descanse, pois a batalha amanha também será dura.
Um grande e afetuoso abraço,
Elias
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...