Durante 35 dias, na UTI do HEG, em Anápolis, um batalhão de anjos – além de médicos e enfermeiros – se moveram para salvar a vida do fotógrafo Biola, também conhecido como Fábio Augusto Cavalcante Mundim, repórter de jornal por mais de 20 anos, aposentado, na ativa até o início de janeiro último, quando foi internado para a retirada de um tumor maligno no estômago. Submetido a mais duas cirurgias venceu dramática batalha, contra terrível quadro de infecção generalizada, e está de volta à vida no seio da família.
Quem não conhece o Biola, em Anápolis? Quem nunca ouviu falar do legendário fotógrafo da Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura? Contumaz contador de piadas e engraçado ao extremo, ele sempre tem uma história pitoresca diferente para contar sobre a vida de colegas e amigos. Ao ser submetido à anestesia para a primeira cirurgia teria questionado a demora do procedimento, quando o médico confessou que estava esperando ele acabar de contar a piada. Satisfez a curiosidade do anestesista, sem saber que iria embarcar no corredor da morte, aos 72 anos de idade.
Absolutamente, o Biola conserva os vestígios da infância, mas não é apenas uma pessoa divertida, que aglutina amigos e rouba a cena ao fazer a cobertura fotográfica. É um homem extremadamente sensível e leal à família e aos amigos, sempre empenhado em fazer novas amizades, sem deixar de conservar as antigas.
A amizade sente-se, não se diz. Mas como não reverenciar uma amizade continuada por mais de 50 anos? Primeiro dos cinco amigos dos dedos de minha mão direita – apenas três ainda vivos – ele é mais que um parente. Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo que sabe tudo a seu respeito e ainda assim gosta de você será sempre mais que um irmão. Se não há solidão mais triste do que a do homem sem amigos, a maior alegria da vida, da infância à velhice, é fazer e cultivar amizades. É pura verdade dizer que sobrevive aquele que perde todos os parentes e amores, mas que ninguém consegue viver sem amigos. Neste raciocinar, uma amizade verdadeira é algo valioso que devemos guardar pela vida afora.
Ainda adolescente, influenciei a carreira do fotógrafo Biola e depois o levei para a FOLHA DE GOIAZ e o DIÁRIO DA MANHÃ, mais tarde para a SECOM. A volta dele à vida representa meu encontro com o passado, quando eu o ensinava que a foto do momento é notícia, não o momento da foto, e que algo inusitado, mesmo que banal, como um homem morder um cachorro, é matéria de capa.
Fábio nunca se cansou de trabalhar, porque se diverte fotografando, e certamente voltará logo ao cenário da notícia para prosseguir sua missão, sem deixar de roubar a cena, espontaneamente, com sua figura carismática, seu coração de menino e sua contagiante alegria de viver. Nos dias conturbados em que vivemos, desfrutar das maravilhas da convivência com um semeador de alegria é um tesouro de inestimável valor somente materializado por pessoas que nunca perdem a candura de criança.
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