“É mais fácil entender Deus enquanto você tentar não explicá-lo”. Esta afirmação foi feita por Joseph Joubert (1754 – 1824) e serve perfeitamente para iniciar o diálogo sobre a difícil relação Deus & Humanidade.
Como facilmente tentamos explicar Deus… Não raramente nos tornamos uma espécie de seu advogado, tentando protegê-lo e defendê-lo diante de realidades inexplicáveis como a dor, tragédias, perdas e lutos. “Deus e sua existência ainda é um assunto polêmico, fascinante e divisor de opiniões entre o ser humano, seja ele, um crente ou não” (Claudio R. S. Pucci).
C. S. Lewis certa vez fez uma afirmação que é libertadora para esta tentação que ocorre principalmente em sacerdotes e pastores, de tentar fazer apologia de Deus. Ele afirmou que a Palavra de Deus é como um leão adulto, não precisa de ninguém para protegê-lo, basta apenas que o deixemos solto.
O Livro de Jó, um texto que faz parte da Poesia Judaica e está inserido nas Escrituras, é bem conhecido e citado, principalmente quando lidamos com a dor e a perda. Jó enfrenta seu inferno pessoal quando num diálogo altamente complexo, Satanás afirma que Jó era um homem justo, apenas porque as coisas estavam bem com ele, e que bastaria tirar sua saúde e família que ele começaria a blasfemar. A tese central de Satanás é que ninguém amaria a Deus pelo que Ele é, mas que os seres humanos o adoram apenas pelo que Ele dá. A relação seria sempre instrumentalizada e oportunista.
Então, Jó se vê diante de tragédias, sem saber o que acontece nos bastidores de sua própria história. Perde filhos, bens, amigos, reputação e por fim a saúde. As suas perdas são irreparáveis. E aí entra em cena os amigos que se aproximam de Jó para serem empáticos com o seu sofrimento, e que querem justificar Deus pela sua atitude. Lançam mão da teologia hebraica do sofrimento, fazem relação entre causa e efeito, associam pecado com sofrimento e explicam Deus, ou tentam explicá-lo, fazendo hermenêutica dos motivos divinos.
O resultado é catastrófico! Apesar de sua teologia aparentemente ser correta, e estar muito próxima da cosmovisão hebraica, Deus afirma que estes homens nada sabiam sobre divindade, e embora fossem doutores e tivessem capacidade de arrazoar sobre o sobrenatural, nada sabiam sobre os mistérios de Deus. No final, para demonstrar quão equivocados estavam, Deus lhes disse que não aceitaria suas orações, e pediu para que Jó, cujo coração estava despedaçado pelos movimentos incompreensíveis da vida, pudesse fazer uma oração a favor dos que se julgavam senhores do saber.
O Livro de Isaias afirma: “Verdadeiramente, tu és Deus misterioso, o Deus de Israel , ó Salvador” (Is 45.15). Por isto me parece profundamente razoável a frase inicial: “É mais fácil entender Deus enquanto você tentar não explicá-lo”.
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