A esquerda no governo tem sido acusada com frequência de sustentar práticas populistas, ignorando as advertências sobre os limites do poder político e os pressupostos do socialismo revelados pelo pensamento revolucionário. No Brasil, o populismo de feição messiânica proclamou a “urgência da justiça social”, indiferente à complexidade do processo econômico, e enfatizou a distribuição de recursos públicos através de programas supostamente comprometidos com a erradicação da pobreza.
Entretanto, o atendimento das necessidades de consumo dos mais pobres com uma parte da riqueza recolhida através dos impostos levará a economia à estagnação e, em seguida, ao colapso, se tais recursos não forem empregados como subsídio às famílias para sustentar a educação dos filhos e a capacitação profissional dos adultos. Se os pobres compram comida e adquirem outros bens com o dinheiro dos que produzem e não se capacitam para tornarem-se também produtivos, isso gera um enorme déficit no âmbito do sistema, enfraquece a atividade econômica e fragiliza as instituições democráticas.
O dilema entre distribuir e subsidiar não existia na concepção dialética do socialismo, porque este era considerado etapa subsequente do desenvolvimento capitalista e não simples imposição do poder ditatorial. O marxismo vislumbrou a estatização das atividades econômicas como solução para a concentração da riqueza e as “crises de superprodução”, não como meio de promover a justiça de Robin Hood, que tira dos ricos para dar aos pobres. O socialismo, segundo Marx, rompidas as amarras do sistema anterior, manteria o principio do mérito que estimula os trabalhadores a se empenharem no aumento da produção: “a cada um conforme sua capacidade”.
A União Soviética implodiu, após longo período de estagnação, devido a impossibilidade da gestão burocrática incrementar as inovações e elevar a produtividade do trabalho. Os chineses e os cubanos têm aprendido que a estatização e a supressão da liberdade de iniciativa inviabilizam o crescimento porque a propriedade e a autonomia empresarial são fatores de motivação da gestão eficaz e da produtividade. Desde Deng Xiao Ping, a China implementa a economia de mercado, e Cuba, que foi o maior produtor mundial de açúcar antes de Fidel, agora demite milhares de trabalhadores empregados pelo governo.
A falência do “socialismo real” e as conquistas dos trabalhadores com a expansão dos mercados e a consolidação da democracia propiciam a revisão dos parâmetros da gestão política e a superação definitiva das velhas ideologias. O socialismo da presidente, que concede bolsas para milhares de jovens brasileiros vivenciarem o ambiente de estudo das melhores universidades do mundo, é realmente diferente daquele que inviabiliza o rendimento escolar com a “inclusão” de surdos-mudos nas escolas convencionais e justifica a violência de alunos alegando que “a escola é violenta porque a sociedade é violenta”.
Em meio as dificuldades do atual momento econômico, Dilma Rousseff mantém a serenidade. Mais do que administrar um projeto de poder, ela acalenta a disposição de governar para promover a transformação do país com o desenvolvimento das pessoas, criando as condições materiais e culturais que sustentem o crescimento e a expansão do bem-estar por um longo período.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...