A paridade e a coincidência dos projetos, planos e metas de governo entre os candidatos a prefeito de Anápolis, nas eleições que acontecem no dia cinco de outubro, ao invés de facilitar, acabam dificultando. Isto por que, se todos estão anunciando a mesma coisa, então poderíamos, em tese, votar em qualquer um. Certo?
Errado!!!
Tem gente prometendo fazer o impossível, o inimaginável, o imponderável, não só cronologicamente falando, mas principalmente pela falta de recursos para tanta obra importante. Não que Anápolis não mereça. Merece até mais. Acontece que “quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, pois do ponto de vista lógico e natural, seria praticamente impossível se atingir o índice de realizações colocadas nas propagandas eleitorais.
Como admitir, por exemplo, que em quatro anos sejam construídos parques, formados lagos, pavimentados 60 bairros, duplicado o número de médicos, o número de postos de saúde, reajustados os vencimentos dos servidores municipais, implantados sistemas de informática em todas as escolas, monitoramento por meio de filmadoras nas principais ruas e avenidas, ampliar em mais de 100% a rede de esgoto, formados viadutos, passarelas e trincheiras em rodovias? É ou não é brincar com a inteligência do eleitor?
Nas eleições passadas para Governador do Estado, um candidato prometeu doar cestas básicas com frango. O outro, para não ficar atrás, prometeu doar carne de vaca e de peixe. Faltou prometer mandar entregar em casa, com um cartãozinho de felicitações. Todo mundo viu. E riu. Claro que o candidato deve usar de atrativos para cativar o eleitor. E, convenhamos, o eleitor, em muitos casos, gosta de ser mimado, de receber promessas, de ganhar as coisas na chamada “lei do menor esforço”.
Acontece que a realidade não é, efetivamente, essa. No dia primeiro de janeiro, quando assumir o comando da Prefeitura, o candidato bafejado pela sorte e ungido pelas urnas, vai ver que a coisa não é bem dessa forma. Ou seja, não vale a máxima do “assim é, se assim lhe parece”.
Primeiro, por que no próximo ano, o (a) prefeito (a), seja ele (a) quem for, terá de trabalhar com o orçamento aprovado neste ano de 2008. Aí, restarão somente três anos para que ele faça aprovar novo orçamento e direcione as verbas para as obras que pretende realizar. O que só vai acontecer em 2010. Isso, se a Prefeitura arrecadar o suficiente e conseguir os convênios para repasses de verbas estaduais e federais. Estas verbas, como se sabe, também devem constar de emendas dos parlamentares que, se tudo correr bem, demoram dois a três anos para serem liberadas. E, todo mundo sabe, que não se fazem obras sem dinheiro.
Assim sendo, é bom que os candidatos tenham cautela quando prometerem realizar tanta coisa em tão pouco tempo. Ainda devem estar na mente dos eleitores mais esclarecidos e mais observadores, as enormes coletâneas de promessas, projetos, propostas e pretensões dos últimos eleitos em Anápolis. Parece que nem a metade se cumpriu. Os jornais, as fitas, as gravações das campanhas passadas estão por aí para comprovar.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...