Paul Steves é professor de uma matéria nada convencional no Regente College, em Vancouver: Teologia e Espiritualidade no mundo dos negócios. A pergunta que normalmente surge quando este assunto é tratado é o que Deus tem a ver com questões administrativas e financeiras? Para a maioria das pessoas, parece que Deus pertence à esfera do “espiritual” enquanto as questões de finanças e dinheiro estão numa esfera mais “secular” ou comum, e uma coisa nada tem a ver com outra.
O resultado é a dicotomizaçāo ou separação do mundo espiritual com o natural, dando a idéia de que são duas coisas distintas e até mesmo conflitantes que não se tocam. No entanto, este pensamento dual não é cristão, antes pagão; ele brotou da filosofia platônica que dividiu a vida em dois andares: O espiritual e o material. Apesar de sua fonte secular, muitos cristãos separam Deus de coisas comuns e ordinárias como sexualidade, relacionamentos, finanças, política, etc., construindo esta barreira entre o sagrado e o profano.
O pensamento judaico cristão não separa a vida em dois blocos, mas integra a espiritualidade. O apóstolo Paulo afirma: “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei-o para glória de Deus”. Pequenos atitudes e gestos comezinhos e diários como beber e comer, abraçar o filho, ser gentil, ter relações sexuais com sua esposa, glorificam ou não a Deus, dependendo da forma como os praticamos, entre estes se inclui o mundo dos negócios e das finanças.
Steves conta uma experiência pessoal que revela como isto pode ser confuso: “Há alguns meses, empreendi uma peregrinação de quatro dias pelo monte Athos, o centro monástico da Igreja Ortodoxa, onde vivem 1.400 monges em mais de vinte mosteiros. A península é um dos três dedos que se projetam no mar Egeu, o noroeste da Grécia. Este estado monástico é o único no mundo, e é acessível apenas por mar ou trilhas a pé. Nos tempos antigos, cerca de dez séculos atrás, os monges vinham de toda parte à procura de Deus. Alguns viviam em árvores (dendritos), outros em pilares (estilistas); alguns se enclausuraram em cavernas incrustadas no monte Athos, que se eleva a incríveis 180 metros acima do mar. Durante os quatro dias, além de andar e orar, tive a oportunidade de conversar com um dos mestres convidados das comunidades monásticas que se havia estabelecido ali. ‘o que você ensina na Regent College?’ perguntou o padre Damian. ‘Teologia e espiritualidade no mercado de trabalho’, respondi. ‘O que é isso?’, ele continuou. Tentei explicar a frase difícil: ‘Ė a integração da fé cristā com o trabalho no mundo’. Ele respondeu secamente: ‘Isso não é possível. E é por isso que sou monge”.
É comum dizermos: “Amigos, amigos; negócios à parte”, dando a idéia de que quando estamos lidando com questões de lucro, qualquer atitude é válida. Para Jesus, as coisas não são assim. Talvez tenha sido por esta razão que ele falou mais de dinheiro, do que até mesmo de céu e inferno, demonstrando que seus discípulos precisam integrar e conciliar estas duas dimensões aparentemente opostas, mas profundamente complementares da espiritualidade cristã, que não é fragmentada, mas integra todas as coisas.
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