“O Brasil só precisa de uma lei com dois artigos: Art.1º-Todo brasileiro deve ter vergonha na cara; Art.2º-Revogam-se as disposições em contrário”. Essa afirmação imortalizada nos escritos do gaúcho Apparício Fernando Brinkerhoff de Torelly, o “Barão de Itararé”, nunca foi tão oportuna como nos dias atuais.
Entrando no século XXI, os brasileiros honestos, amargam o desprazer de conviverem com um dos mais nefastos períodos registrados pela nossa história. Nunca se roubou tanto. Nunca se corrompeu tanto, nunca se fez tanta maracutaia, como disse Lula, aquele que nada vê, nada sabe, nada tem com isso.
O resultado está aí. Semana passada, assistimos, pasmos, como se fosse um filme sobre a “cosa nostra” (máfia italiana) ou de camorra (máfia francesa), gente fina, da melhor espécie, sendo levada para a cadeia, acusada, principalmente, de corrupção. Pasmos, vimos que dentre esses homens e mulheres, estão pessoas que estudaram, se prepararam e ganham vultosos salários, pagos com o dinheiro do povo, para justamente combaterem aquilo que vinham praticando sob o manto da lei.
O “Barão de Itararé” estava certo. Morto em 1971, aos 76 anos, ele que deixou a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para ser um dos mais importantes jornalistas de sua época no Rio de Janeiro. É verdade que pagou por ser crítico honesto, inclusive amargando cadeias, justamente por alfinetar essas pessoas de casaca e bengala, os poderosos que hoje só mudaram de nome e de cara.
Quem diria que magistrados, empresários e políticos, da mais alta cúpula, gente de significativa importância sócio-econômica e cultural, estivesse enganando o povo, enganando a sociedade civil honrada do País.
São poucos, diriam alguns. É uma minoria insignificante, diriam outros. Pode ser, e, pode não ser. Apregoa-se que o que foi descoberto nos chamados grandes centros, seria apenas a ponta de um gigantesco iceberg, desses de abalar o Brasil, fazendo muita gente tremer de medo.
O que se espera é que, depois dos “mensalões”, dos rolos no Congresso Nacional, que a moralidade se instale nesse Brasil. Caso contrário, com toda a certeza estaremos dando passos gigantescos em marcha-ré, ou seja, estaremos, de fato, entregues à bandidagem na plenitude da concepção. Seria o caos total.
PS “Barão de Itararé” em “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza. Distribuidora Record de Serviços de Imprensa.
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...