Parece que o fato de termos tido por dois mandatos seguidos um presidente com quase nenhum estudo, cuja linguagem muitas vezes chocava, pela total falta de polidez e pelos recorrentes erros gramaticais, fez com que agora, o MEC endosse o analfabetismo, distribuindo cerca de 485 mil livros didáticos que fazem apologia ao erro (“Por uma Vida Melhor”, de Heloísa Ramos ), onde concordância verbal e nominal são irrelevantes segundo as autoras do livro e que assustadoramente foi aprovado pelo MEC, para ser utilizado em quase 5 mil escolas pelo país.
Pergunto: precisa ensinar o errado? O errado todo mundo sabe. Quem não conhece a norma culta já fala e escreve errado, sem que tenha sido necessário frequentar a escola para isso.
Em nota encaminhada ao Jornal Nacional, o Ministério da Educação informou que ‘a norma culta da língua será sempre a exigida nas provas e avaliações‘, o que faz com que seja ainda mais inadmissível que o MEC jogue esse ‘lixo‘ nas mãos das crianças, fomentando a ignorância.
Como brilhantemente escreveu o colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, “A gramática é um código coletivo, como é a Constituição, o Código Civil e o Código Penal. No dia-a-dia, é bem possível que todos nós, em vários momentos, cometamos pequenas transgressões – e há aqueles que cometem as grandes. Isso não quer dizer que possamos alegar ignorância da lei para fazer o que nos der na telha”. A norma culta é a única que poderia ser ensinada. E ensinar o contrário, seria o mesmo que fazer apologia ao crime, nas faculdades de Direito. Todo mundo sabe que é crime roubar, que existe lei que preveja isso, mas há quem o faça, então, vamos ensinar que não se pode roubar, mas também vamos ensinar a roubar?
Então, como que uma escola vai ensinar que o certo é concordar gênero e número, mas também vai perder tempo ensinando que e admissível dizer “os gato pulou no telhado”? A carga horária já é tão ‘apertada‘ pra ensinar só o certo…
Penso e quero crer que as escolas particulares continuarão a adotar livros que ensinem apenas a norma culta. E imaginem como isso criará um distanciamento ainda maior entre as classes sociais.
Se nas provas e exames continuará a ser cobrada a norma culta (e não pode ser de outra forma) qual será a chance de um candidato proveniente das escolas públicas na disputa de uma vaga, seja num vestibular, concurso ou uma vaga de emprego, com um candidato oriundo das escolas particulares. Nenhuma.
Se alguém que tem a oportunidade de estudar, por desinteresse ou por dificuldades na cognição, fala e escreve contrariando a norma culta é opção e problema de cada um. Mas, aprender o errado na escola, é absolutamente inadmissível, pra não dizer, vergonhoso.
E ouso dizer que o Ministério da Educação está promovendo propositadamente o emburrecimento da classe menos abastada, grande maioria, pois ao não promover um ensino correto, ao não estimular a cultura e por consequência o espírito crítico, tornam as pessoas vulneráveis e transformam o povão numa grande massa de manobra. É muito fácil fazer isso, basta investir na ignorância.
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