Já se passaram 27 longos anos desde que foi concebida a ideia da Ferrovia Norte Sul, ligando Anápolis ao porto de Itaqui, no Estado do Maranhão. De lá para cá, incontáveis datas foram estabelecidas para a inauguração da ferrovia que, a bem da verdade, só funciona em um pequeno trecho no território maranhense. No Governo Lula, foram definidas três datas para a entrega do trecho goiano (Anápolis/Porangatu) e nenhuma foi cumprida. Recentemente outra notícia desanimadora: a entrega prometida para julho deste ano, com a presença da Presidente Dilma Rousseff, já não está valendo mais. Uma nova data vai ser marcada.
Há alguns dias uma equipe da TV Folha (ligada ao grupo Folha de São Paulo) esteve em Anápolis para checar o andamento do serviço, ouvindo pessoas e filmando os trechos onde estão os canteiros de obras e revelou que vários deles estão praticamente desativados. É que, muitos contratos com empreiteiras venceram e não foram renovados. Na reportagem, também, mostrou-se o estado de abandono em que se encontra a maior parte do projeto, embora o Governo Federal assegure que se trata de uma prioridade da política nacional de transportes, a conclusão da Ferrovia. É claro que, mais dia, menos dia, esta obra terá de ser entregue e os brasileiros verão as composições ferroviárias cruzando o centro do País. Afinal de contas, não se concebe que um projeto que já consumiu muitos bilhões de reais, seja desativado.
De acordo com as revelações da TV Folha, já foram gastos mais de R$ 8 bilhões na obra que, embora seja contada como importante para a logística de transportes em nível de Brasil, não tem uma definição de quando é que, realmente, vai estar em pleno funcionamento. Pelos cálculos apresentados, caso a Ferrovia estivesse em operação, o custo do transporte entre o Norte (Porto de Itaqui-MA) e o Sul (Estrela do Oeste-SP) seria 40 por cento menor do que o praticado atualmente. Sem contar, segundo os técnicos, a diminuição do desgaste nas rodovias, motivado pelo tráfego de pesados caminhões e carretas, a queda do índice de poluição e a menor incidência de acidentes rodoviários. Mesmo com todas as justificativas, a Ferrovia Norte Sul ainda é uma incerteza para os goianos e para os brasileiros em geral.
Em que pese a Norte Sul ser considerada uma proposta redentora para a economia de Goiás, Tocantins, Maranhão e estados limítrofes, parece que está ficando cada vez mais distante o sonho de vê-la em operação dentro do curto, ou médio, espaços de tempo. A pressão política para a sua concretização está diminuindo e, ao que consta, existe uma espécie de acomodação, ou quem sabe, de resignação. Ou seja: para muita gente, se a ferrovia sair, muito bem. Se não sair, muito bem, também. Só que, no trecho maranhense da ferrovia, houve uma pressão extraordinária, capitaneada pelo grupo Sarney (diga-se de passagem, a ideia e o início do projeto desta ferrovia são creditados ao ex-presidente José Sarney) e a obra acabou saindo. Quem sabe não seria a hora de, também, as lideranças políticas de Goiás se unirem e cobrarem, mais enfaticamente, que o Governo Federal conclua o importante e necessário empreendimento? É bem melhor do que ficar esperando. Mas, é bom ater-se a números. Por exemplo: de acordo com estimativas técnicas e oficiais, caso a Norte Sul estivesse em operação dentro do primeiro prazo estabelecido, o Brasil não teria perdido uma receita estimada em R$ 12 bilhões por ano entre cargas não transportadas, tributos não arrecadados, poluição pelo uso alternativo de caminhões e afins. É muito dinheiro.
A “proibição” da liberdade de expressão
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