Henrique Santillo me comunicou que eu deveria disputar a prefeitura de Anápolis.
A mudança, repentina e inesperada, de posição, em relação à disputa, me pegou de surpresa. De nada valeram meus argumentos de que, naquela altura dos acontecimentos, já era tarde demais. Milton, Haroldo e Max Lânio, já estavam no páreo há muito tempo e, cada um entendendo que sua candidatura já estava consolidada. Encerrou, dizendo:
“Adhemar, os deputados federais me disseram que se você disputar mandato de deputado federal, no ano que vem, eles vão apoiar a candidatura de Mauro Borges!”
Argumentei: “Quando levantei essa hipótese, não foi você que me disse que chutaria o balde! Que eu já estava no 3º mandato como deputado federal, sempre bem votado, e sempre na oposição?!”.
“É! Mas se você não se candidatar, eu terei que disputar a eleição para a prefeitura!” contraargumentou.
Ainda lhe disse: “Henrique eu ficando na prefeitura por um mandato de três anos, vou ficar fora da política, sem mandato por dois anos. Além disso, por estar sem mandato em 1990, estarei inelegível para qualquer disputa, por ser seu irmão. Você como governador, eu só poderei me candidatar, se já estiver exercendo mandato em que seja possível a reeleição! Para prefeito não há reeleição!”.
“Fique tranquilo rapaz! Você pensa que vou abandonar a política só por que serei candidato ao Governo do Estado? Seis meses antes de vencer o meu mandato, passo a governadoria para o vice-governador, me afasto do cargo e serei candidato ao Senado em 1990! Aí não só eu, mas você também pode pleitear candidatura a deputado federal”.
Como toda a minha trajetória política, desde deputado estadual em 1970, até a minha ida para a Secretaria Estadual da Educação, fazia parte de uma estratégia, para consolidar o projeto político de Henrique Santillo, para chegar à Governadoria do Estado, acabei aceitando a ideia de disputar a eleição, como candidato a prefeito de Anápolis, naquele pleito tampão de 1985.
Imediatamente, conversei com o deputado Milton Alves. Sem qualquer restrição, ele se colocou pronto a abrir mão da sua pré-candidatura! Da mesma forma o vereador Max Lânio Gonzaga Jayme, imediatamente se afastou e se colocou ao lado da minha candidatura. Antes mesmo que conversasse com ele, Haroldo Duarte, reagiu firmemente ao novo quadro. Julgou-se preterido. Não aceitou nenhum tipo de diálogo. Deixou imediatamente o PMDB, filiando-se ao PFL, candidatando-se como vice-prefeito na chapa oposicionista, encabeçada pelo deputado estadual Pedro Canedo!
Haroldo Duarte que fora meu companheiro como um dos candidatos do PMDB de Anápolis, nas eleições parlamentares de 1982, deixou o partido muito contrariado, revoltado mesmo. Tínhamos que ir à frente. Escolhemos como meu companheiro de chapa, João Cunha, irmão do deputado federal Fernando Cunha Júnior. Nossa mensagem era de que Anápolis iria ganhar com Adhemar. Enquanto isso os mauristas dentro do PMDB, por debaixo do pano, passaram a apoiar a candidatura de Pedro Canedo. Deram-lhe a sustentação necessária!
Adhemar Santillo foi fundador do MDB, deputado estadual, três vezes deputado federal, duas vezes prefeito de Anápolis, secretário estadual da Educação. Email: Adhemar@santillo.com
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