Fui presidente de associação de moradores, e pude vivenciar as dificuldades do movimento comunitário. Fui eleito pelo voto popular aos 17 anos e estou testemunhando o movimento sendo enforcado por políticos que só nos enxergam na época das eleições, sabem que somos fonte de votos e temos a confiança da comunidade, algo que eles perderam há tempo. Vem nos oferecendo rios de dinheiro, e infelizmente, a maioria se vende facilmente.
Temos enormes dificuldades de lutar pelas comunidades. Falta de dinheiro e estrutura. Até oficio para órgãos públicos é custeado pelo presidente ou membros da associação. Não ha incentivo por parte dos governantes e se aparece, há muita burocracia. Estamos desacreditados, os moradores quase nunca participam das reuniões, seja por descrédito ou por não serem informados. Na maioria dos bairros é difícil enviar correspondência ou pagar um carro de som pra divulgar tais reuniões devido à custos que sai dos cofres da associação ou do bolso dos diretores, situação que tem deixado os dirigentes muitas das vezes reféns de políticos.
Na Capital os lideres ainda encontram apoio da imprensa, que sempre que é convidada, ajuda a comunidade a gritar por socorro e melhorias em seus bairros, coisa que não acontece no interior, onde é mais grave. As associações de moradores são raras, sem dinheiro, sem estrutura, sem apoio do poder publico e ainda sem imprensa. Na grande maioria dos municípios do interior não há emissora de TV local e quando há, o espaço é muito pequeno. Restam as rádios, mas como elas dependem muito do dinheiro que as prefeituras as repassam por causa das publicidades oficiais, poucas se arriscam a bater de frente com órgãos públicos.
Saudades do tempo em que a juventude era ousada, brigava por seus direitos e cumpria seu dever fiscalizador dos serviços públicos. O movimento comunitário não pode acabar. Políticos fingem de surdos, cegos e mudos, não querem ouvir a comunidade, ficam relaxados e gozando dos benefícios que seus cargos oferecem. E a população? Sofrendo como de costume. Bom seria se a população brasileira aprendesse a cobrar de seus políticos, da mesma forma que os franceses cobram: saem às ruas, fazem greve geral etc. Ou eles atendem a sua população ou caem fora. Assim deveria ser no Brasil: ou nos respeitam ou caem fora.
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