A Campanha da Fraternidade, ancorada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), este ano, mexe direto na ferida, quando aborda o tema relacionado com o tráfico de seres humanos. Isto, porque, trata-se de um fenômeno social recorrente, que atravessou séculos e séculos, desde os tempos mais remotos. A história mostra o aprisionamento de pessoas (crianças; jovens, adultos e idosos) por parte dos exércitos vencedores, levando-os cativos e obrigando-os a trabalharem em condições subumanas. O fato mais conhecido é o povo hebreu, feito escravo pelos egípcios, o que resultou na libertação comandada por Moisés.
Mas, em todos os tempos houve isso. Até nos dias de hoje acontece, motivo, então, da Campanha. Seres humanos colocados na situação de escravos modernos, submetidos a todo tipo de constrangimento, seja econômico, seja moral, seja social. No Brasil fala-se, muito, sobre o regime escravocrata, com os negros trazidos da África. Mas, naquela época, isto ocorria, também, em outros países, como Estados Unidos e várias nações europeias. E, não foram, somente, os negros. A história mostra que aborígenes australianos, peles vermelhas americanos, índios brasileiros e outras raças foram, praticamente, dizimadas pelo sistema escravagista.
A Igreja toca no ponto crucial, quando rememora tais fatos. Mas, chama a atenção, também, para o que está ocorrendo no atual contexto. Isto vai desde a corrida de brasileiros e de outros povos em busca do “sonho americano”, ou seja, ir para a América, ganhar muito dinheiro e voltar de lá rico. Fenômeno iniciado no final dos anos 50 e que perdura até os dias de hoje, embora em escala bem menor, devido ao fracasso dos projetos econômicos de lá.
O mesmo pode se dizer em relação ao Japão. Há algumas décadas, milhares e milhares de descendentes de japoneses que moravam no Brasil e em outros países, foram atraídos pela febre de desenvolvimento que tomou conta daquela nação. Muitos, de fato, foram, ganharam dinheiro e fizeram o “pé de meia”. Mas, lamentavelmente, a mídia não mostra os que fracassaram, foram para a “rua da amargura” e, hoje, não têm recursos, sequer, para retornarem. Fato semelhante ocorreu em relação a diversos países da Europa, onde muitos e muitos brasileiros vivem em condições subumanas. Mulheres se tornaram escravas sexuais, como se mostra todo dia na imprensa.
Mas, por aqui, também, nós, os brasileiros, precisamos fazer a “mea culpa”. Em nosso território são muito e muitos, milhares por certo, os que vivem em condições de verdadeiros escravos. Inclusive conterrâneos nossos que se acham na mais completa miséria, trabalhando em troca de salários indignos. Basta andar pelas carvoarias, pelas lavouras de cana e outros pontos que se verão milhares de pessoas em situação análoga à de escravo. A própria Justiça tem punido patrões que escravizam tais pessoas. E, o que dizer, então, dos imigrantes? No século passado, árabes; japoneses, italianos e outros povos que vieram para o Brasil fugindo dos horrores das guerras, passaram por situações constrangedoras, viveram em condições degradantes e muitos acabaram por não resistir.
Até mesmo, nos dias de hoje, podem ser vistos estrangeiros passando por este tipo de situação. Nos grandes centros, como São Paulo, não é difícil descobrirem-se colônias de peruanos; bolivianos; colombianos e, mais recentemente haitianos, em situação de penúria, trabalhando por um prato de comida. Desta forma, o tema é abrangente, pertinente e carece de muita reflexão. O tráfico de seres humanos é uma realidade entre nós.
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