Em todas as olimpíadas temos sempre a expectativa de que o Brasil apresentará melhores resultados e que teremos um quadro de medalhas mais significativo, mas as variações são pífias e algumas vezes, frustrantes. Apesar das iniciativas privadas e do próprio governo para revelar e treinar novos talentos, os índices ainda são muito baixos quando comparados às potências mundiais. Temos um grande PIB, mas que não se traduz na área esportiva.
Apesar de torcer pelos atletas e pelas suas conquistas, e muitas vezes chorar emocionado com algumas vitórias individuais e sofrer pelas suas derrotas, honestamente, acredito que existem índices que deveriam ser bem mais apreciados e perseguidos pela nossa sociedade que os olímpicos.
Poderíamos começar pelos números relacionados à educação brasileira. Ocupamos rankings medíocres em alfabetização, educação formal, e somos uma tragédia em matemática. A pobreza das escolas públicas, a falta de recursos financeiros para equipar melhor as salas de aula e dar salários mais compensatórios aos professores, aliado aos sucessivos escândalos financeiros, que desviam até mesmo recurso de merendas escolares, não permitem que classes sociais desfavorecidas quebrem o ciclo de dependência e ascendam a uma condição que poderia trazer mudança para a história de indivíduos e seus familiares. A população simples e pobre das zonas rurais e periféricas da nação, não é intelectualmente inferior, apenas teve pouca oportunidade.
Podemos pensar também no índice ético. Somos uma sociedade marcada por constantes escândalos financeiros e corrupção ativa e passiva. Parece impossível romper este ciclo histórico e vicioso que herdamos desde o Brasil Colônia. São políticos sem caráter, funcionários sem princípios, que sempre encontram cidadãos desonestos dispostos a pagar inescrupulosas propinas para os mais simples atos, como a emissão de um alvará para construção ou autorização para pequenos trâmites comerciais tão necessários numa sociedade capitalista. Vivemos como ratos em labirintos nestes movimentos absolutamente insanos e ridículos.
Podemos pensar no índice da saúde. Apesar de grandes quantias e investimentos federais e municipais, a saúde está enferma. Temos equipamentos de última geração amontoados em hospitais públicos e que não podem ser utilizados, porque não foram ainda montados; temos prédios inteiros prontos para uso, mas que ainda não foram liberados para socorrer e assistir a população, por causa da falta de empenho dos agentes responsáveis em dar prosseguimento e liberação dos mesmos. Existe uma luciférica falta de vontade humana e política, falta bom senso. Boa parte do dinheiro destinado à saúde se perde em esquemas de empresas de fachadas e de máfias que cercam todos os recursos sociais de forma implacável e diabólica.
Certamente queremos melhores índices olímpicos. Torcemos pelos nossos atletas e nos sentimos orgulhosos de suas vitórias, no entanto, outros índices não podem ser esquecidos. Em 1970 fomos Tri campeões mundiais no futebol, mas enquanto celebrávamos nas ruas a vitória de nosso time, nos subterrâneos da suja política repressiva, vidas preciosas foram ceifadas pela inescrupulosidade do poder.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...