A história do Natal é marcada por paradoxos: O rei nasce numa estrebaria; os desprezados e párias sociais como os pastores recebem a revelação sobre o nascimento do Messias, enquanto os teólogos e sacerdotes do lugar sagrado são omitidos; os pagãos, representados na figura dos magos do Oriente, discernem os sinais dos céus, enquanto os judeus, detentores das alianças e dos pactos dados por Deus, são alijados destas verdades. Isto nos ensina que:
Gente distanciada de Deus pode discernir os sinais dos céus melhor que aqueles que se julgam donos do saber. Os magos, eram pessoas com estranhas práticas religiosas, místicos, que pela alquimia e leitura de livros mágicos, procuravam descobrir o segredo da pedra filosofal ou a fórmula que transformasse pedra em ouro, gente envolvida com coisas espirituais, mas sem uma base concreta que fundamentassem sua fé. Gente em busca de coisas sobrenaturais, mas que se agarravam a esotéricas fenomenologias sem saber se a procedência era divina ou diabólica.
Os sacerdotes e escribas eram religiosos de carteirinha, acostumados a falar de verdades sobrenaturais e a conviver com elas, mas que não possuíam nenhuma paixão por aquilo que pregavam e ensinavam. Ouvem o relato dos magos, respondem às suas perguntas, mas a verdade de Deus não lhes toca o coração. Conhecem a bíblia de cor, mas não se rendem às suas verdades, nem se deixam impactar pela revelação espiritual que ela traz. Os magos, apesar de não conhecerem a Palavra, rendem-se à evidência do sagrado, apesar de não entenderem as profecias messiânicas, possuem sensibilidade suficiente para ouvirem as vozes mais profundas do inconsciente e se curvam a elas.
Nem sempre aqueles que estão próximos geograficamente são os que estão mais conectados espiritualmente. Os escribas lêem nos manuscritos que o menino haveria de nascer em Belém, mas sequer tem cuidado de irem a Belém, uma vila de apenas 12 Km de onde estavam, para averiguarem o fato. Jesus disse muitos viriam do Ocidente e do Oriente e tomariam lugar à mesa, ao passo que os guardiões da revelação de Deus seriam surpreendidos no dia em que o Reino de Deus assumisse sua visibilidade. Convivem diariamente com a Bíblia, mas a informação que dela procede não penetra em seus corações, nem transforma suas vidas.
Nem sempre os que aparentam ter interesse por Jesus, desejam comunhão com ele – Herodes pede aos magos que voltem e lhe dêem relatório sobre o menino recém nascido, mas seu interesse é apenas político. Apesar de demonstrar interesse, sua alma não estava interessada nos acontecimentos. Por esta razão Jesus muitas vezes, por conhecer o coração dos homens e suas motivações, rejeitou alguns como discípulos. Percebia que seus corações tinham outros motivos. A experiência com a Palavra de Deus não os leva à experiência com o Deus da Palavra.
Apesar de Herodes demonstrar interesse, seu desejo não era legítimo. Deus era instrumentalizado pela sua sede de poder. Seu interesse pelas verdades de Deus tinha motivação maligna. Muitos usam esta mesma estratégia ainda hoje: aproximam-se de Deus apenas para não serem punidos, nunca por o amarem. Alguns apenas por diletantismo intelectual, mera curiosidade. Outros ainda, por interesse financeiro, não por um desejo legítimo do coração. O Natal denuncia todas estas equivocadas motivações.
A “proibição” da liberdade de expressão
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