No apartamento de Mauro Borges, na Praça Cívica, em Goiânia, nos reunimos para que Henrique comunicasse ao Partido e, ao próprio Íris Rezende Machado, que o apoiaríamos ao Governo. O MDB realizaria sua convenção apenas para cumprir formalidades legais, pois o Partido todo estava unido em favor da candidatura de Íris. Até aquele momento, se preparando para um possível confronto com Henrique Santillo, que da mesma forma mostrara desejo de disputar a convenção que escolheria o candidato do partido às eleições para o governo em 1982, Íris incentivava o deputado estadual Derval de Paiva, para ser seu candidato a vice-governador. A partir da desistência de Henrique Santillo, o próprio Íris Rezende entendeu que a aliança só estaria sólida com um elemento santilista na sua vice.
– “Adhemar, disse-me Íris, nada melhor que você ser meu candidato a vice-governador! Isso será aliança completa entre eu e Santillo”.
Disse-lhe que meu projeto, naquele instante, era reeleição a deputado federal. Argumentei que sendo candidato a vice, e Íris se afastando do Governo eu teria que assumir a governadoria. Isso poderia inviabilizar o projeto de Henrique se candidatar em 86. Fiz questão de ressaltar que, no nosso grupo, a prioridade era pavimentar caminho para que Henrique chegasse ao Governo do Estado, depois de vários adiamentos.
Indicamos para representar o grupo Santillo, o empresário Onofre Quinan. Mesmo não o conhecendo, Íris aceitou a indicação. Derval refluiu do seu projeto inicial de disputar a Vice-Governadoria, candidatando-se, mais uma vez, a deputado estadual.
Partido unido em torno de uma única candidatura, realizamos a convenção em grande estilo. Partimos em seguida para as visitações aos municípios. Passeatas, carreatas, caminhadas e comícios de manhã à noite. Verdadeira cruzada democrática. Goiás inteiro foi contaminado pelo CINCO. O símbolo da campanha do candidato emedebista era a palma da mão aberta realçando os cinco dedos.
Nosso adversário, o candidato da Arena ao governo, era o ex-governador Otávio Lage de Siqueira. Venceu o candidato de preferência do Governador Ary Valadão, deputado Brasílio Caiado. A disputa entre Otávio Lage e Íris Rezende, teve um sabor de revanche. Íris Rezende foi cassado, quando era prefeito de Goiânia, em 1969, no momento em que se preparava para concorrer ao governo de Goiás, em 1970, na sucessão de Otavio Lage. Já, naquela época, Íris, com seu “Bom prá 70”, fazia sucesso pelo Estado inteiro. Foi cassado e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos, tendo que adiar seu projeto de disputar o governo. Agora não se candidataria à sucessão de Otávio, mas contra Otávio.
O ex-governador era a arma com que contavam os arenistas na tentativa de barrar o ex-prefeito de Goiânia. A vitória do MDB nas eleições de 1978, com eleição de Henrique Santillo ao Senado, mais a vontade de mudanças, tornava-se grande obstáculo às pretensões arenistas. Mas era indiscutível o prestígio de Lage. O mais competitivo que a Arena tinha em seus quadros. Mesmo os adeptos de Ary Valadão, muito desgastado no final do governo, se desdobraram na campanha de Otávio, na expectativa de continuarem no governo. Outra invenção da Arena e que funcionou contra ela em Goiás, foi a questão do voto vinculado de cima a baixo. O eleitor era obrigado a votar para vereador; prefeito; deputado estadual; federal, senador e governador de um único partido. Caso contrário, todo voto seria nulo. Em Goiás, essa estratégia não funcionou, pois o MDB era mais forte que a Arena… (Continua)
Adhemar Santillo foi fundador do MDB; deputado estadual; três vezes federal, duas vezes prefeito de Anápolis e secretário estadual da Educação. Email: adhemar@santillo.com.
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