É verdadeiro o esforço despendido no Governo Estadual para detonar o processo de ampliação do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). A pedra no caminho é personificada pelos espertalhões que estão à espreita de oportunidades de lucro fácil com o dinheiro do contribuinte. Alguns senhores, de intenções castas no discurso moralizante, despem-se do falso pudor e avançam tal e qual lobo faminto diante da caça abatida. Nos bastidores, rondam historietas sobre processos de desapropriação de áreas contíguas ao Daia, que, bem investigadas, colocariam na prisão certas celebridades que se aprazem em pregar respeito ao dinheiro público.
Terrenos com preços exorbitantes são colocados à disposição do Governo Estadual. Aparentemente seus proprietários sacrificam bens familiares em nome do crescimento industrial de Anápolis, que precisa de espaço para ampliação do Daia. A nobreza do gesto é apenas aparente, porque a intenção verdadeira é cobrar R$ 400.000 por um alqueire que, avaliado por profissionais sérios do mercado imobiliário, tem valor máximo de R$ 90.000. Para aperfeiçoar o conjunto da obra, até a medição é duvidosa. Ninguém garante se o lote tem as dimensões apregoadas.
A face perversa dessa manobra, além do prejuízo ao erário, é a inflação dos preços das áreas possíveis de desapropriação para inclusão no território do Daia. Qualquer proprietário pode lançar mão do preço superdimensionado para também sobrevalorizar seu quinhão. Hoje, quando se fala em ampliação do distrito, a roda especulativa atinge velocidade máxima, tornando impraticáveis as negociações, apesar do lastro oferecido pelo Governo do Estado.
Duplamente prejudicado, o Daia é vítima, ainda, da especulação imobiliária que acompanha sua trajetória. Desde a inauguração, em novembro de 1976, o Governo Estadual vende terrenos a preços simbólicos. O objetivo é estimular a ocupação do distrito, e, por conseqüência, ampliar a industrialização. A política de incentivo é transgredida pelos espertalhões, que a utilizam para obtenção de lucros extravagantes. A manobra consiste em vender por valores estratosféricos lotes industriais comprados, no oficial, a R$ 1,5 o metro quadrado, e que jamais foram usados em sua finalidade original.
Levantamento de um agrimensor de conduta profissional confiável revela que, no entorno do Daia, 800 alqueires podem ser desapropriados e incorporados ao distrito, sem invasão dos municípios vizinhos. Desse total devem ser excluídos terrenos de topografia imprópria para indústrias e também as áreas de preservação permanente. Feitas as contas, o espaço disponível permitiria a duplicação do distrito, jogando nas alturas o número de indústrias operando em Anápolis.
Os limites orçamentários são obstáculos à consecução desse projeto, é verdade. Mas, consideradas as armadilhas montadas pelos especuladores, talvez esse óbice seja a maior trava à desejada ampliação do Daia. Hoje, dezenas de empresas manifestam interesse em se instalar em Anápolis, mas não há terrenos para atendê-las.
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