Até hoje, os governos, em todos os níveis, não conseguiram explicar à população brasileira por que é tão difícil o acesso da população aos serviços de saúde pública. Por mais que se invista, por mais que se divulgue, por mais que se faça propaganda, há, sempre, o clamor popular dos cidadãos em geral, queixando-se do mau atendimento, ou da falta de atendimento. O problema estaria no gerenciamento do dinheiro que se destina ao setor, ou, quem sabe, na falta de uma conscientização maior quanto ao que se deve gastar em saúde? Perguntas que, dificilmente são respondidas. Por comodidade, ou por desconhecimento, talvez. O certo é que, hoje em dia, dificilmente, vão se encontrar famílias que estejam satisfeitas com o setor.
Do que se sabe, é voz corrente e voz geral, que, lamentavelmente, a coisa está ficando é pior. Algumas especialidades, as mais buscadas por sinal, como pediatria, estão desaparecendo do mapa do atendimento público. E, justamente a pediatria, que cuida das crianças, futuro do Brasil. Em Brasília, onde moram o Presidente da República, os ministros, deputados e senadores, os médicos desta área, com raríssimas exceções, deixaram, há tempos, de atender pelo Sistema Único de Saúde. Mais recentemente estamos vendo em Anápolis e em Goiânia, só para ficarmos nos exemplos domésticos, a necessidade da intervenção do Ministério Público e do Poder Judiciário, para que as pessoas de baixa renda, usuários do SUS, cidadãos que têm direito sim, de serem atendidos, ficando fora da assistência cardiovascular. Ou seja, pobre no Brasil está sendo proibido de “sofrer do coração”. Lamentável.
De parte dos médicos, evoca-se o livre arbítrio. Muitos deles alegam que não são obrigados a trabalhar para um sistema considerado vil, na questão do pagamento pelo serviço. Esses profissionais têm dito que estão “pagando para trabalhar” e que não justifica investirem tempo em procedimentos que não lhes rende nada. Afinal, alegam ter liberdade para atenderem a quem e como desejarem. Muito bonito, se não fosse esse trabalho uma atividade destinada salvar vidas humanas.
Justificativas à parte, vem, depois, o lado do poder público. Os governantes alegam que o que existe em termos de recursos, de orçamentos e de verbas, está sendo, rigorosamente, aplicado. Mas, então, por que a população anda tão insatisfeita. Por que muitas pessoas se levantam de madrugada, vão para as filas, são obrigadas a apanharem senhas que garantem, apenas, o direito de consultar. O atendimento é outra batalha. Às vezes demora dias, semanas e, pasmem, até meses. Quando é coisa simples, ainda vai. Mas, quando se trata de atendimento de maior complexidade, a “via sacra” é bem maior. Cidadão vai ter de esperar em filas de laboratórios, quando estes ainda têm cotas. Dependendo do exame, vai esperar uma eternidade. Quando não se esbarra na explicação: “Esse exame nós não estamos fazendo pelo SUS”. E, tem sido esta a saga dos brasileiros que, entra ano, sai ano, entra governo, sai governo, a conversa é a mesma. “Estamos avançando”, “já foi pior”, “nosso governo foi o que mais investiu em saúde”, dentre outras. Só se esquecem de perguntar ao povo o que ele está achando de tudo isso. Aliás, é até bom nem perguntar.
A “proibição” da liberdade de expressão
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