Quando um médico se declara apreciador das ´histórias de detetive´, podemos nos perguntar se trata-se simplesmente de um hobby entre outros que seriam igualmente gratificantes, ou se tal preferência pode ser motivada pela semelhança entre a sequência dos procedimentos clínicos, que levam ao diagnóstico de uma doença, e o método do investigador policial que parte, com suas hipóteses, dos indícios mais tênues em busca dos sinais mais consistentes que identificam o verdadeiro responsável pelo delito.
Lendo aquelas peças de ficção científica que a revista Nature (nature.com) apresenta na última página de cada edição, alguém pode indagar: Se os professores tivessem a experiência enriquecedora da leitura e identificassem corretamente o que deve ser ensinado em cada momento da aprendizagem, não admitiriam que o interesse pela ciência e o fascínio pela literatura têm algo de fundamental em comum? Se atividades aparentemente tão díspares, como a medicina e a investigação policial, requerem procedimentos correspondentes, por que o trabalho educacional não é reconhecido como ação preventiva equivalente à ingestão de proteínas e vitaminas? Curativa do mal congênito da ignorância, comparável ao uso dos medicamentos mais eficazes e da fisioterapia? Exercício revigorador do comportamento socialmente adaptado, como a prática do esporte? Força desveladora de novas experiências no campo profissional, social e cultural, semelhante à busca da alimentação mais saudável com o emprego de novos ingredientes e diferentes modos de preparar a comida?
Paradoxalmente, os cursos de formação de professores não têm ensinado o que é mais elementar e indispensável: o processo educacional tem forma e conteúdo. O conteúdo da educação é a cultura linguística, literária, científica, histórica, cívica, artística, esportiva etc. Mas não se ensina o que é educação nos cursos de licenciatura e pós-graduação porque as teorias mais exóticas e as ideias mais extravagantes têm feito, aos olhos dos incautos, mais brilhantes o verniz e a auréola conferidos pelos títulos acadêmicos.
Doutores e pós-doutores deixaram de ser homens e mulheres de ciência comprometidos com o desenvolvimento dos brasileiros e o crescimento do país para se tornarem sacerdotes do intelectualismo, supostamente investidos de autoridade para definir o que é progressista e reacionário. Sob influência tão nefasta, os professores do ensino básico e médio não conseguem compreender que a educação mais avançada se efetiva com o aprimoramento da capacidade de ouvir e o hábito da leitura, que precisa ser ensinado por quem o cultiva intensamente. De outro modo, as novas alternativas de aprendizagem como a EAD continuarão sendo de pouco proveito.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...