Bem, esta não é uma noticia jornalística, nem possui qualquer furo de notícia para o noticiário das oito. Estou me utilizando de uma linguagem psicanalítica e tentando dar-lhe uma roupagem teológica sobre o papel do pai na cultura moderna.
Que o patriarcado está em crise parece óbvio demais. Além da percepção visível nos lares brasileiros, desenhos e seriados de TV refletem isto de forma muito clara, desde “Os Simpsons”, até “A Grande família”, com a lacônica e patética figura do “Seu Lineu”, que é sempre levado de forma lenta a concordar com conceitos aos quais ele inicialmente se opõe.
Theodor Adorno afirma: “A autonomia do Pai está desaparecendo e, com ela, a oposição à sua autoridade”. Elizabeth Roudinesco, historiadora e psicanalista aponta na mesma direção: “Com o advento da revolução feminina, as mulheres se preocuparam mais com sua imagem e em garantir um papel social que lhes permitisse mascarar sua interioridade afetiva”. O resultado, segundo esta intelectual, seria a masculinização das mulheres que se tornam viris e dos homens que se feminilizam, tornando-se andrógenos nos seus comportamentos.
Enquanto os pensadores discutem a questão, minha abordagem foca nas implicações de papéis.
Quando a Bíblia fala da liderança masculina no lar (é importante considerar que se trata de função e não de gênero, porque a bíblia nunca fala da submissão da mulher ao homem, e sim da esposa ao marido), isto soa como chauvinismo, mas o que ninguém quer refletir é na importância simbólica da figura paterna na estrutura familiar. O que acontece quando o lar perde a liderança paterna?
Ora, sabe-se que a passividade e a ausência masculina em casa é um dos fatores predisponentes da complexa identificação de papéis sexuais nos filhos, além disto, uma das maiores reclamações das esposas em relação aos seus maridos tem sido o distanciamento do marido das responsabilidades de liderança e em comunicar segurança afetiva para sua família.
O preceito da Bíblia é que o homem ame a sua esposa. Ao contrário do se pensa, o mandamento primordial está relacionado ao afeto, não ao domínio, e a partir da dimensão do coração, ocorre a liderança espiritual e moral da sua casa. Tarefa esta que os homens do Séc. XXI estão sempre querendo suprimir ou negar. Na verdade, ninguém questiona a liderança masculina quando esta é feita em amor. Em contrapartida, poucas coisas são tão frustrantes e desanimadoras para a mulher que a figura mutilada de um patriarca, que além de amar mal, ainda recusa a liderança. Pense nisto!
Passado, presente, futuro!
O ano que chega, como reza a tradição, é um convite à reflexão acerca daquilo que passamos no ano anterior...