A imagem de Maguito Vilela, quando governador, entregando cestas de alimentos com as próprias mãos a habitantes de uma vila construída pelo governo é emblemática da associação que se fazia em Goiás entre as necessidades dos pobres e a “compaixão” dos governantes. Evoluindo das trevas para a luz, Maguito se destaca hoje como eficiente gestor público e interlocutor ponderado dos líderes regionais. O populismo no Brasil, depois de Getúlio Vargas, tornou-se a expressão da vocação de alguns líderes para a conquista do poder com apoio da grande massa ávida dos benefícios concedidos pelo governo que se pretende mais generoso que o próprio Deus.
A tentação de aliviar a ansiedade dos pobres levou até mesmo o ilustrado Fernando H. Cardoso a criar programas de subsídio às famílias de baixa renda em vez de acelerar a construção da ferrovia Norte-Sul e outras obras de infraestrutura que estimulariam a produção e o comércio em grande extensão do território nacional, gerando milhões de empregos. Diferente do modo como Getúlio Vargas encarnava o poder de promover a dignidade dos trabalhadores modernizando as relações de trabalho nas condições do seu tempo e criando as bases do desenvolvimento econômico, o populismo dos nossos dias exacerba a pregação demagógica e despende grande parte dos recursos gerados pelos setores mais dinâmicos da economia e o endividamento do governo com medidas paliativas e a complacência do executivo com a corrupção e outras formas de expoliação do erário.
A verdade é que nosso país continua padecendo da ausência de articulação coerente entre o modo como se dão as relações sócio-econômicas e as instâncias constitutivas da superestrutura governamental. A limitada influência do cristianismo desde o período colonial, assim como a ausência de conteúdo revolucionário na proclamação da república, não obstante a influência da incipiente burguesia comercial, ainda dificultam a consolidação de um efetivo sistema de valores representado por instituições capazes de suportar os embates e as tensões no âmbito do regime democrático. Observe-se que, no período republicano, o poder público recorreu mais de uma vez à suspensão da livre manifestação política para criar condições favoráveis ao avanço do conhecimento científico e à multiplicação dos empreendimentos produtivos. Todavia, cinquenta anos depois de João Goulart, persiste a imaturidade que protela a consolidação da democracia, restringindo as condições que sustentam o incremento da produção e a expansão do comércio.
A perda de influência da maçonaria e outras organizações de natureza sócio-política e cultural ante a emergência do sindicalismo e a politização generalizada das reivindicações sociais foi, em grande medida, compensada pelo ativismo protestante. Mas nem mesmo a intensa pregação pentecostal impediu o surgimento de um líder populista, inspirado pela solicitude fantasiosa e o messianismo. Ainda hoje, a expectativa do retorno de Lula à chefia do governo suscita críticas ao poder judiciário pelos que mostram-se indiferentes ao rigor dos juízes como indício da evolução do capitalismo e da democracia.
Assim, a realidade sugere, ante a importância histórica dessa agremiação, que o Partido dos Trabalhadores coloque-se como desafios, diante da necessidade de efetiva renovação política, a busca de sua plena conformação ao jogo democrático, a substituição da transferência de renda por estímulos ao desenvolvimento humano e o comprometimento com as condições que sustentem o crescimento em níveis alcançados por outras nações emergentes.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...