Por muitos anos (duas décadas, calculadamente) houve uma preocupação exacerbada do Governo Brasileiro com a Segurança Nacional. As chamadas instituições foram priorizadas nos gastos públicos, com altos investimentos, no que se convencionou denominar de contraespionagem. Ou seja, o fator político, durante esse tempo (regime militar) foi superior ao fator social. Não que a segurança nacional não tenha sido importante. E, o é, até hoje. Os países, em geral, devem cuidar, sim, de suas soberanias e estas soberanias começam pelo fomento às forças armadas. Nada contra.
Só que, uma coisa poderia ter sido feita, sem prejudicar a outra. Explicando: os governos que se sucederam poderiam, muito bem, manter a preocupação com a segurança nacional, sem virarem as costas para a segurança comunitária. A democracia política foi garantida, sim. Mas, a democracia de fato, e de direito, ficou a desejar. As polícias brasileiras, nesse tempo todo, tiveram uma atenção muito aquém da expectativa e praticamente nada evoluíram. Melhor: evoluíram, muito pouco, em se comparando com outros avanços que o regime forte proporcionou ao Brasil, embora contestados por diferentes setores.
O que chama a atenção, entretanto, é que, passadas mais de duas décadas do fim do regime militar, ainda não houve a reparação. Os setores políticos que, à época, criticavam, assumiram o poder e, de lá para cá, também, quase nada conseguiram oferecer em termos de se reforçar a segurança dos trabalhadores; das donas de casa; dos estudantes, enfim, dos cidadãos brasileiros. Senão, vejamos: em que lugar desse País pode-se afirmar, com convicção, que existe segurança pública? Em Brasília, onde moram a Presidente da República, os ministros, os deputados, senadores e outros integrantes do alto escalão? A resposta, sem medo de errar, é, não. Lá, no coração administrativo do País, a população sofre, e muito, com todo tipo de violência urbana. As instituições não conseguem oferecer aos moradores da Capital da República, sequer, a sensação de estarem seguros.
E, se no centro do poder, as coisas estão desse jeito, o que falar do restante? Dos grotões; das favelas; dos bolsões de miséria, do árido sertão, da Amazônia, onde nada tem sido possível oferecer aos moradores? E, nas grandes metrópoles? Está melhor? Claro que não. No Rio de Janeiro, o narcotráfico tem uma espécie de governo paralelo, apesar das UPP e outra siglas. Lá quem decide se vai ter aula, se o comércio vai abrir, é o chefe tráfico. A televisão mostra isso todo dia. Em São Paulo, o centro econômico nacional, é a mesma coisa. Ou, pior: este ano já mataram quase 100 policias e um sem número de cidadãos. Muitos deles, inocentes. Ninguém quer assumir a culpa.
Entre nós, aqui no Centro Oeste, a coisa vai bem? Certamente que não. Em Anápolis estamos, infelizmente, contabilizando um aumento de 50 por cento nos casos de homicídio este ano. Os outros crimes, como furtos, roubos, agressões, etc. nem são mais comunicados às autoridades. Aliás, no atual contexto, não há nem como fazer isto, porque os policiais civis estão, pela segunda vez, em greve. Esta é a realidade da segurança no Brasil. Os números mostram que todo dia morre mais gente aqui do que nos países em guerra, notadamente no Oriente Médio. Mas, aqui, não vira notícia internacional. Está passando da hora de agir.
A “proibição” da liberdade de expressão
Nos últimos dias circulou nos veículos de comunicação de todo o país a fala do desembargador goiano Adriano Linhares sobre...