A China começou a vencer a estagnação que perdurou por várias décadas de regime comunista quando seu governo decidiu admitir a instalação de empresas estrangeiras com a transferência para a economia chinesa de um grande volume do capital acumulado nos países desenvolvidos. A construção e a operação de fábricas, assim como o advento das organizações financeiras, a intensificação do comércio e de outras modalidades de serviço criaram milhões de empregos naquele país.
Mas é a revisão do papel das instituições chinesas de ensino superior, a reestruturação do sistema de ciência e tecnologia e a valorização da educação básica e técnica, a exemplo do que ocorrera na Coreia do Sul, que vão criando as condições de sustentação do desenvolvimento nacional no contexto da economia globalizada, marcada pela ousadia dos empreendedores e o acirramento da competição empresarial.
Nicholas D. Kristof, do jornal New York Times, assinalou recentemente que “a China investe pesado na educação e no desenvolvimento do capital humano, particularmente os jovens”. E os chineses demonstram uma paixão cada vez maior pela educação, pelas atividades culturais e as práticas esportivas. Ao contrário da China, onde os sinais do atraso vão desaparecendo com a valorização da educação, no Brasil a criação de novas universidades e a instalação de computadores nas escolas pouco têm influenciado no desenvolvimento das pessoas.
O elevado número de jovens e adultos que concluem o ciclo básico sem terem alcançado proficiência em leitura e o fraco desempenho em matemática demonstrado pela grande maioria dos estudantes do nível básico e médio são evidências da gravidade dos problemas que impedem nossas escolas de cumprir o seu papel.
Uma das causas de tanta ineficiência é, sem dúvida, o fantasma da discriminação. Crianças e jovens com deficiência auditiva são matriculados nas escolas regulares, e alunos com diferente capacidade de aprendizagem são agrupados formando turmas bastante heterogêneas, sob a alegação de que de outro modo eles poderiam se sentir discriminados.
Em condições tão desfavoráveis, acrescenta-se a opção da administração educacional pelo controle burocrático das atividades docentes quando o fundamento racional da organização escolar recomenda que deveria haver coordenação pedagógica com valorização da formação científica e cultural dos professores, reconhecimento de sua autonomia profissional e estímulo à inovação dos procedimentos didáticos em função do potencial dos alunos diagnosticado pelos próprios docentes.
Com a disposição de promover a valorização do trabalho pela elevação dos salários e o aumento do consumo interno, o governo chinês certamente manterá as medidas eficazes de qualificação da educação, fortalecendo a identificação das pessoas com o seu país e preparando a transição para a democracia com estabilidade política, que ocorrerá nos próximos anos. E o Brasil? Superaremos os equívocos que impedem a qualificação da educação para consolidar a democracia e o sistema econômico vigentes? Ou seremos condenados à estagnação, com surtos ocasionais de elevação do consumo movido pelo crédito fácil (endividamento) e cidadãos enfraquecidos e carentes da proteção do governo?
A “proibição” da liberdade de expressão
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