O nobre leitor deve estar acompanhando este episódio envolvendo o cerco à Embaixada do Brasil na capital hondurenha. E deve estar assustado com as interpretações que alguns luminares de nossa imprensa têm dado ao episódio. Numa simples leitura, fica a impressão de que o Brasil é o culpado pelo que está acontecendo.
Não tenho a mínima intenção de defender governos populistas, sejam eles de esquerda, sejam eles de direita. Aliás, nem sei se ainda existe tal divisão. Ditadores todos se parecem. O venezuelano Hugo Chaves não é diferente do colombiano Álvaro Uribe. O que os une é a sanha incontrolável pelo poder. Para isto modificam a Constituição de seus países para se perpetuarem no poder. Comente com alguém do espectro da esquerda e este defenderá Chaves com extremada paixão. Fale mal de Uribe perto de alguém que defenda os ideais ditos de direita e acenderás uma interminável confusão.
Não conheço. Improvável, talvez impossível, que venha a conhecer a capital hondurenha. Conheço, no entanto, alguns poucos hondurenhos que residem em Anápolis e, mesmo desconhecendo suas opiniões sobre o atual momento político daquele país, acredito que, assim como nós, eles deveriam condenar o uso da força para resolver seus problemas políticos. O cerne da questão é o golpe que tirou Zelaya do poder. E é este golpe que deveríamos condenar.
O Brasil não pode ser condenado por oferecer asilo político a um governante ilegalmente retirado do poder, assim como, amanhã, não poderá oferecer apoio irrestrito a quem se locupleta do poder.
Manuel Zelaya é um detalhe, talvez um insignificante detalhe. No entanto, verdadeiros democratas não podem fechar os olhos para ilegalidades cometidas contra a vontade de um povo, sejam estas vontades equivocadas ou não. Cabe aos hondurenhos a livre manifestação através de eleições democráticas sobre os destinos de seu país.
Enquanto isso Tegucigalpa que, na linguagem indígena, significa “montanhas de prata” vive momentos de apreensão e incerteza. Aqui, movidos por rivalidades políticas, jornalistas tentam ocultar o essencial na tentativa de criticar a política externa brasileira. Muitos deles são os mesmos que se calaram quando do golpe militar de 01 de abril de 1964.
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Samuel Vieira É… quem diria. A felicidade tem sido algo tão escasso, a insatisfação, estresse e descontentamento tão presentes, que...