Estamos narrando fatos, aqui no CONTEXTO, que contam um pouco da história política de anapolinos que muito fizeram para a derrubada da ditadura militar e destacaram a cidade de Anápolis, no cenário político nacional.
Como Secretário Estadual da Educação, na primeira administração de Íris Rezende Machado, depois de resolvida a confusão causada pelo “decretão”, iniciei a substituição de diretores e secretários das escolas estaduais, para iniciar o trabalho de implantação das alterações no sistema educacional do Estado. A primeira portaria para a alteração veio de Tocantínia, às margens do Rio Tocantins, Norte de Goiás. Feita a substituição, numa madrugada recebi, em minha casa, telefonema de Dom Jayme Collin, bispo de Miracema do Norte, dizendo que atravessara o Rio Tocantins de madrugada, para protestar contra as alterações feitas na direção e secretaria do colégio estadual de Tocantínia, com as quais não concordava. Completou dizendo que há uma semana o colégio não funcionava por decisão dos professores e alunos. Daí para a frente, todos os dias as coisas ficavam mais agitadas no Município. O bispo enviou a Irmã Beatriz a Goiânia, para falar em nome da igreja, dos professores e pais dos alunos. Recebi-a, mas não chegamos a um acordo. Só haveria acordo se os destituídos retornassem aos seus cargos. Assunto impossível de ser assim resolvido, sob pena de se provocar uma revolução em todas as escolas estaduais. Aceitando a pressão naqueles moldes, proposta pela Igreja Católica, sob o comando de Dom Jayme, seria o fracasso total em todas as outras escolas. Fracassaria o acertado pelo Governador Íris Rezende, com os companheiros do PMDB, pelo Estado todo.
A crise foi se arrastando. Mais de um mês sem aulas, com a presença só do diretor e da secretária. Ninguém mais comparecia ao colégio. Alunos faziam passeatas todos os dias pelas ruas da pequenina Tocantínia. Queriam a volta de irmã Áurea. A diretora destituída!
O Governador Íris Rezende me convidou para reunião em seu gabinete. Chegando lá, o encontrei em companhia de Dom Fernando Gomes dos Santos, arcebispo de Goiânia e Dom Jayme Collin, de Miracema do Norte. Era para discutirmos sobre a escola de Tocantínia. Diziam que corria, por lá, a informação de que a troca se dera, porque éramos – Iris e eu – evangélicos, e tiramos a diretora que era uma freira católica, para colocar em substituição um pastor evangélico. Provamos que não havia qualquer conotação religiosa no ato. Em outros municípios, evangélicos foram substituídos por católicos. A questão era administrativa. Sugeri, que podíamos substituir o diretor, pelo Delegado de Ensino daquela região, Frei Cincinato! Acabara de assumir o cargo indicado pelas lideranças do PMDB. Para a secretaria da escola continuaria a indicada pelo diretório peemedebista de Tocantínia. Os decretos de nomeações expedidos.
Resolvida a questão de forma negociada, a discussão foi deslocada para o plenário da Assembleia Legislativa. Representante do PMDB daquela região, deputado Maranhão Japiassu, fez contundente discurso contra a substituição do professor João. Pelo padre Cincinato. Adotou um ingrediente novo ao debate. Disse que o secretário da Educação era racista. Substituíra o professor João, que era de descendência negra, pelo padre que era branco. Nas demais escolas do Estado a troca foi tranquila.
O deputado Maranhão Japiassu, depois, nos procurou, Iris Rezende e eu, para justificar que fizera aquilo a pedido dos peemedebistas de Tocantínia, município de que era representante na Assembléia Legislativa. Queriam impedir o acordo que fizemos com as lideranças da igreja católica, para que a normalidade na escola fosse restabelecida. Padre Cincinato levou a paz a todas as alas em conflito… Continua
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