“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade que daqui pra diante vai ser diferente”.
Este texto, atribuído a Carlos Drummond de Andrade e de autoria não confirmada, nunca foi tão atual e tão relevante. 2020 foi, sem dúvida, um ano atípico e, parafraseando um trecho de uma música dos anos 80, foi um tempo estranho com coisas esquisitas. Em 2020, nossa fé, paciência e resiliência foram testadas à exaustão e, com raríssimas exceções, estamos todos cansados do que vivemos ou deixamos de viver. Em meio a tudo isso, 2021 surge no horizonte, dando-nos a esperança de que dias melhores virão.
Mesmo tendo plena consciência de que o calendário é uma convenção humana para contar o tempo e que, inclusive, na cultura oriental a contagem é feita de forma totalmente diferente, a expectativa de começarmos algo novo reacende a esperança. Racionalmente falando é apenas uma mera formalidade para marcar o ano civil no mundo; emocionalmente, é a possibilidade de recomeçar, renovar as forças para seguir a luta.
Nesses mais de 360 dias vividos no ano 2020 depois do nascimento de Cristo, vivemos desafios e lutas; fomos obrigados a nos adaptar a uma nova rotina e um “novo normal”; máscaras substituíram os sorrisos e a fragrância dos perfumes foi abafada pelo cheiro do álcool em gel.
Entretanto, tivemos a oportunidade de nos aproximarmos de Deus e renovarmos diariamente a nossa dependência dele; de nos achegarmos a quem dividia conosco o mesmo teto; de compreendermos o quanto é importante não deixar para amanhã o que podemos fazer hoje.
Aprendemos que o contato com quem amamos é essencial para o nosso bem-estar; que os abraços e apertos de mão não são meros gestos corriqueiros; que o relacionamento interpessoal torna nossos dias mais fáceis; e que a liberdade de caminhar, viajar, abraçar, tocar é algo precioso e que precisa ser preservado.
Foram muitas as lições que 2020 nos impôs, mas a maior e a mais importante delas é que, por mais avançados que sejam os recursos tecnológicos e a ciência, nossa vida está e sempre estará nas mãos do Senhor dos senhores, do Rei dos reis. Somente Ele tem o controle do que está por vir e de como nosso futuro será. Por isso, mais do que nunca, precisamos que o versículo 5 do capítulo 3 de Provérbios seja uma realidade em nossas vidas: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento”.
Deus não nos decepciona e não falha; Deus é fiel e cuida de nós. Assim, “apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel” (Hebreus 10:23) e tenhamos fé de que 2021 será um ano excepcional, em que não faltarão de abraços, encontros, comunhão, realizações, vitórias e muitas bênçãos. Feliz 2021!