Na semana passada, a Delegacia de Proteção ao Idoso, em Anápolis, realizou incursões para apurar denúncias de maus-tratos contra idosos submetidos a violência, privações e constrangimentos. Infelizmente, esses atos recorrentes atravessam gerações, demonstrando menosprezo e intolerância de quem deveria protegê-los.
Pais, mães, avós e tios, que dedicaram seu tempo e investiram na formação de novas gerações, enfrentam o abandono como retribuição, sofrendo a dor de serem esquecidos por aqueles ligados diretamente às suas vidas.
Sem contar os inúmeros casos de agressões físicas, emocionais, psicológicas e materiais sofridas por idosos. Muitos dedicaram suas vidas para sustentar e apoiar filhos e netos, garantindo-lhes oportunidades como cidadãos. No entanto, são frequentemente ignorados ou, pior, explorados em sua fragilidade emocional e falta de conhecimento.
Filhos, netos e parentes próximos, aproveitando-se da inocência e boa-fé dos idosos, cometem abusos, como apropriação de dinheiro e compras não autorizadas, para atender a suas próprias necessidades e vaidade.
Os relatos são alarmantes. Idosos confinados em condições precárias, sem higiene, alimentação ou medicação, passam dias abandonados por seus descendentes. Além disso, muitos são vítimas de crimes econômicos cometidos por parentes que, sem autorização, utilizam aposentadorias, pensões e outras rendas para satisfazer interesses pessoais.
Essas pessoas dilapidam o patrimônio dos idosos, contratando financiamentos e empréstimos. Essa triste realidade não se limita às classes de baixa renda: descendentes de camadas sociais mais altas também cometem abusos semelhantes, muitas vezes de forma ainda mais extrema.
A lei brasileira trata do assunto, mesmo que de forma superficial. O Código Penal Brasileiro, em seu Artigo 1.814, estabelece a possibilidade da exclusão desses agentes de listas de herdeiros, dentre outras sanções. Mas é preciso avançar mais. É necessário resgatar a dignidade da pessoa idosa no Brasil.
Não é possível que, em pleno Século 21, com o avanço da tecnologia e tanto dinheiro gasto em projetos sociais, não se garanta um mínimo de conforto e cidadania aos idosos, nem se encontre um meio de punir exemplarmente aqueles que lhes causam sofrimento.
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