O esgotamento psicológico tem se tornado cada vez mais frequente e tem surgido cada mais cedo na atual geração. De acordo com o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, somos a “sociedade do cansaço” e sofremos uma “violência neuronal.”
Apesar de o medo de uma pandemia gripal, a verdade é que não vivemos em uma época viral desde que foram descobertos os antibióticos. Portanto, nossa crise não é bacteriológica, mas neuronal, já que doenças como depressão, transtorno de déficit de atenção, transtorno de personalidade limítrofe e síndrome de burnout determinaram a lógica do começo do século XXI.
As pessoas estão cansadas e aflitas. A concorrência e a competitividade têm levado ao esgotamento e à ansiedade. Temos cada vez mais, mas não raro estamos irritados, ansiosos e culpados. Não temos encontrado contentamento nas coisas pequenas, na simplicidade da vida e queremos mais e cada vez mais rápido. Também não adiamos a gratificação, pois queremos o prazer imediato.
Sucesso é a palavra de ordem, assim como ser bem-sucedido, encontrar um lugar ao sol, empreender, crescer na empresa, estudar, trabalhar com dedicação. O problema é que a estrada do sucesso e a mesma do burnout.
Muitas reações têm surgido. Apenas nos Estados Unidos cerca de 2 milhões de pessoas já optaram por viver em sítios em chácaras remotas. Elas se mudam para lugares inóspitos, tentando extrair da terra o sustento, plantando hortas e criando animais, apesar de terem conexão com as modernas tecnologias como internet, telefone celular, energia fotovoltaica e carros. Não perderam o contato com os recursos da modernidade, mas ao mesmo tempo procuram viver de forma mais extrativista. Apesar de muitos não terem qualquer conhecimento prático ou experiência para saber o que significa viver na roça e da roça, ainda, estão procurando um novo estilo de vida.
Outro grupo que tem feito seguidores são os minimalistas, que optaram por trabalhar pouco, ganhar o mínimo, viver um estilo de vida frugal, procurando uma nova maneira de ver, interpretar e fazer as coisas. Alguns chegam a reduzir o número de suas posses a 50 produtos, incluindo roupas, material de limpeza e banho, um carro simples e barato. Vivem em casas minúsculas que exigem pouco. É uma forma de equacionar – ou uma tentativa – o estresse e a correria que têm levado tantos à exaustão.
Na linguagem do poeta português Fernando Pessoa, há “um cansaço de existir, de ser, só de ser. O ser triste brilhar ou sorrir…” ou seja: maior que a competitividade e concorrência, existe o cansaço pelo simples fato de viver. É o cansaço existencial, que brota por falta de alegria interior. Muitos tentam ser fortes, mas sofrem o impacto dessa exaustão emocional. Como um motor que precisa de reparo e manutenção e não pode parar, continuam fazendo as coisas, mas sem propósito e sentido algum.
Viver em si mesmo já é um cansaço e, para o coração que precisa de um lugar de paz e refrigério, isso só pode ser encontrado em Deus. No descanso da alma de uma criatura que retorna para os braços do Criador, como afirmou Agostinho: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.”