Nessa entrevista, o presidente da montadora foi indagado sobre o que ele achava que a empresa poderia representar para o município. A resposta foi a seguinte:
“Se vocês tiveram a oportunidade de conhecer a história de Ulsan – cidade sede da Hyundai na Coréia do Sul – vão ver que lá era uma pequena ilha de pescadores. Com a implantação da Hyundai, em pouco tempo, ela se transformou numa cidade com um milhão de habitantes, com uma invejável qualidade de vida e uma fantástica circulação de capital. O PIB de lá, é maior do que o de São Paulo, só para se ter uma ideia. Sendo assim, essa fábrica não será importante só para Anápolis. Será importante para Goiás e para o Brasil. Ela é constituída de capital genuinamente nacional e tudo o que ela gerar, vai ser reinvestido em ampliações e modernizações”.
O “Dr. CAOA”, como era conhecido o médico e visionário empresário, estava certo. Isso foi lá no começo de 2007. Naquele mesmo ano, no mês de abril, a CAOA iniciava as suas atividades no Distrito Agro Industrial de Anápolis (DAIA), através de uma parceria com a marca sul-coreana Hyundai.
Mas, a história do Dr. CAOA no ramo de automóveis começou bem antes, em 1976, em Campina Grande, na Paraíba, sua terra natal. Médico por formação, ele havia comprado um veículo Landau em uma loja da cidade. No entanto, devido a não ser atendido a contento com aquela compra, ele adquiriu o estabelecimento para mudar a sua forma de atendimento.
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Em 1985, a CAOA (iniciais de seu nome) tornou-se o maior distribuidor da marca Ford no Brasil. Em 1982, o grupo passou a ser distribuidor exclusivo na marca Renault no país e, em 1998, também tornou distribuidor da Subaru no Brasil.
No ano seguinte, em 1999, a CAOA tornou-se distribuidora da marca Hyundai.
História de luta
A vinda da Hyundai para Anápolis foi o resultado de muita luta. Reuniões e mais reuniões entre lideranças do Estado, do Governo Federal e do Grupo CAOA. Inicialmente, a proposta é que a montadora se instalasse no polo industrial de Camaçari, na Bahia. Mas, havia ainda alguns entraves na negociação.
O deputado federal goiano Vilmar Rocha, antevendo que Goiás poderia entrar na briga para atrair o empreendimento, acionou o então governador Marconi Perillo que, de imediato, convocou parte do secretariado para uma reunião com representantes da CAOA, ocorrida no dia sete de fevereiro de 2004.
Entre um dos mais atuantes foi o então titular da secretaria de Indústria e Comércio, Ridoval Chiareloto, que foi um “leão” nessa luta. Afinal, qual estado e qual cidade não gostaria de receber uma montadora de veículos.
O desfecho dessa luta deu-se em abril de 2007, quando o DR. CAOA inaugurou a montadora em Anápolis, na época, com um investimento que chegaria na casa de R$ 1,2 bilhão.
Já em 2010, era iniciada a produção do Tucson na planta de Anápolis. No ano de 2017, a CAOA, que já trabalhava com a bandeira internacional da sul-coreana Hyundai, passou a produzir também veículos da marca chinesa Chery.
No ano passado, o grupo deu mais um passo ambicioso no mercado, ao desenvolver estratégia de eletrificação de toda linha CAOA.
O sonho de sucesso do Dr. CAOA estava consolidado. Ele faleceu em 2021, deixando um grande legado para o setor automobilístico e, em especial, para o desenvolvimento de Anápolis, que tem o seu nome registrado na história.
Segunda geração
29 de agosto de 2023. A história se repete. Agora, na segunda geração. O CEO do grupo, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, recebeu o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, numa solenidade para anunciar o crescimento da “família CAOA com mais 809 colaboradores e um pacote de investimentos que, nos próximos cinco anos, chegará à casa de R$ 3 bilhões.
Esses investimentos serão direcionados à modernização da linha de produção, lançamento de novos produtos, pesquisa, desenvolvimento e geração de emprego.
Carlos Alberto se emocionou (e com razão) ao falar da “família CAOA”, pela história deixada por seu pai e por tantos pais e mães que estão ali, no chão de fábrica, tendo o seu sustento e oportunidade de crescimento.
Aliás, pode-se dizer, que a história do Dr. CAOA foi escrita com milhares de mãos.