Historicamente, o Partido dos Trabalhadores exerceu pouca influência nas eleições majoritárias em Goiás. Assim que foi reaberto o processo democrático, com a possibilidade de eleição direta para Governador, depois de um período em que os chefes dos executivos estaduais eram definidos pelo Congresso Nacional (anos de chumbo) a predominância dos eleitos foi, sempre, dos chamados partidos socialistas. Isso ocorreu com as seguidas eleições de políticos do PMDB, originário do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que no regime militar era o antagonista da Arena (Aliança Renovadora Nacional) nas disputas de cargos proporcionais.
Daquela época em diante, os eleitores de Goiás optaram por nomes como Íris Rezende, Henrique Santillo e Maguito Vilela. Depois da hegemonia do PMDB, foi a vez da chamada Base Aliada, que deu duas vitórias a Marconi Perillo (PSDB) e uma a Alcides Rodrigues (PP). Desta forma, nem antes das duas eleições do Presidente Lula, nem depois delas, o PT chegou a ser força decisiva no Estado. O Partido, inclusive, nunca passou de dois deputados federais e dois deputados estaduais. Seu maior feito, seguramente, foi ganhar a Prefeitura de Goiânia, através do professor Pedro Wilson. Fora isso, o Partido dos Trabalhadores sempre teve atuação marcante, apenas, nas eleições proporcionais e em algumas prefeituras do interior.
Nova fase
No ano passado o Partido dos Trabalhadores deu mais um salto na conquista de espaços, ao eleger Antônio Roberto Gomide para a Prefeitura de Anápolis, a segunda cidade mais importante de Goiás e o terceiro maior colégio eleitoral do Estado. Esta vitória é atribuída ao avanço da força do PT, devido ao bom desempenho do Governo Lula, que tem índices de aprovação jamais vistos em toda a história do Brasil contemporâneo. Tem-se como certo que, com as eleições de prefeitos para importantes cidades brasileiras em 2008, o Partido tenha, também, influência suficiente para definir eleições majoritárias em vários estados, dentre eles, Goiás. Se, não, com candidato próprio, através de parcerias.
Esta é a tese defendida pelo presidente regional da agremiação, deputado federal Rubens Otoni, ele próprio, virtual candidato ao Governo. Só que Otoni tem reiterado as diretrizes do Partido que é abrir o maior espaço possível para a proposta macro do PT: eleger o sucessor de Lula, no caso, a Ministra Dilma Rousseff, se não surgir nenhum contratempo mais significativo.
Tem-se, assim, como certo, que o grande teste do PT em Goiás será, realmente, em 2010. O partido sinaliza com uma “grande aliança” envolvendo políticos de diferentes matizes, com destaque para o PMDB, que já é seu aliado em nível nacional. Nesse caso, o nome do PMDB para compor com o PT é o do prefeito de Goiânia, Íris Rezende Machado. Mas se, de tudo, isso não der certo, o PT poderia ter Rubens Otoni como candidato original ou, quem sabe, outro nome, como o do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que a mídia insiste em afirma que será candidato, sim, ao Governo ano que vem. Por força do cargo que ocupa, Meirelles não se filiou a nenhum partido ainda, o que se espera acontecer no final deste mês de setembro. Se ele optar pelo PMDB, conforme especulações, provavelmente Íris Rezende iria repensar sua candidatura. Se Meirelles for para o PP, reforça, ainda mais, a parceria do Governador Alcides Rodrigues com o Presidente Lula. Caso vá para o PT, inviabilizaria, de vez, a candidatura de Rubens Otoni, já que o Presidente do BC é o preferido do Planalto. Mas, pode ser que o anapolino Henrique Meirelles esteja pensando em vôos mais altos, a vice Presidência ao lado de Dilma Rousseff, por exemplo. E, até, quem sabe, o lugar dela. Se isto acontecer, o processo voltará à estaca zero e o PT terá de encontrar outra saída.