Dizem que o povo brasileiro tem memória curta. E, tem mesmo! Esquece-se, com imensa facilidade, de seus beneméritos, de seus benfeitores.
Não se ouve falar mais de Juscelino Kubitscheck, indiscutivelmente, o maior estadista que o País já conheceu. Foi por suas mãos que os brasileiros viram nascer, e crescer, a indústria automobilística; a siderurgia; os avanços sociais, educacionais e tecnológicos. Para nós, os goianos, a maior obra de todos os tempos, Brasília, veio, também, pelas mãos de JK. Hoje, se perguntarem aos estudantes de qualquer escola, seja ela pública, ou privada, primária, ou superior, uma insignificante minoria terá a capacidade de definir quem foi Juscelino. Em retribuição, ele teve seus direitos políticos cassados e a amargura de ter de se exilar. Também, foi assim com Getúlio Vagas; com Vital Brasil; Santos Dumont, e, com muitos outros. As obras de homens e mulheres que fizeram a diferença no Brasil, com grandes projetos físicos e sociais, desaparecem, precocemente, da memória do povo. Aqui entre nós, anapolinos, é a mesma coisa. Ninguém fala mais em Jonas Duarte; em José Abdalla; em Henrique Santillo; em Maurity Escobar, em James Fanstone, Anapolino de Faria e outros que deram suas vidas por esta Cidade. E, o que dizer daqueles que tanto fizeram, e continuam fazendo, muito por Anápolis, não tendo o reconhecimento desta comunidade a quem serviram? Abro, aqui, um parêntese para falar sobre Adhemar Santillo.
Foi numa tarde qualquer de 1964. Estávamos nós, alunos do curso ginasial vespertino, sentados à porta do Colégio Estadual “José Ludovico de Almeida” quando chegou um grupo liderado por um rapaz loiro, alto, bem falante. Era o Adhemar Santillo que, corajosamente, discursava contra o regime militar que acabara de tomar conta do País, chamando todo mundo para protestar e boicotar as aulas daquele dia. Foi a senha… Em um grande bando, muitos nem entendendo direito do que se tratava, subimos pela Rua Barão do Rio Branco e fomos para a sede do Clube Estudantil, na Rua Engenheiro Portella. Estava nascendo, ali, um dos maiores líderes políticos da história de Anápolis. Adhemar, depois, elegeu-se deputado estadual, em seguida deputado federal, por três vezes, prefeito de Anápolis em duas ocasiões, além de ocupar outros cargos. E, a despeito de tudo isso, nunca se mudou de Anápolis, nunca deixou de se misturar com o povo. Deputado combativo enfrentou, de peito aberto, a ditadura militar, quando muitos dos “revolucionários” de hoje, se esconderam com medo. Quando prefeito, Adhemar fez uma grande revolução em Anápolis. Suas obras estão aí. Os feirões cobertos; a coleta e o tratamento de esgoto; o Kartódromo Internacional, o Ginásio “Newton de Faria”, asfalto em dezenas de bairros, novas avenidas abertas (algumas duplicadas) e uma infinidade de outras realizações. Mas, o artigo não é para enumerar as obras que são, por assim dizer, obrigação de qualquer prefeito, pois eles se elegem prometendo isso mesmo. E dirão: “Mas, as obras que o Adhemar reivindica como suas, foram feitas com dinheiro do Estado e da União”. Ocorre que, sempre foi assim. Atualmente, também, o é. O importante é que as obras aconteçam. O que pretendemos deixar claro neste artigo, todavia, é a personalidade e o caráter do Adhemar Santillo. Provavelmente, nenhum político de Anápolis teve sua vida (política e pessoal) tão vasculhada como o Adhemar.
Provavelmente, nenhum político de Anápolis tenha sido tão malhado pela imprensa como ele o foi. E, sabem como ele respondia a tudo isso? Simplesmente nunca respondeu. Nenhum político em Anápolis tratou a imprensa com tanto respeito como o Adhemar Santillo. Ele nunca procurou um radialista, um jornalista para tomar satisfação a respeito de uma crítica, de uma nota mais maldosa. Adhemar nunca perseguiu nem ‘pediu a cabeça’ de ninguém, por conta de alguma informação que não lhe agradara. Adhemar Santillo que, como todo político, teve seus erros e seus acertos, nunca perseguiu a seus adversários, nunca foi rancoroso, nem vingativo. Um exemplo a ser seguido. Adhemar, hoje, nem é lembrado mais pela população. Motivo para a reflexão dos políticos de agora. Adhemar, por tudo o que fez por Anápolis, merece a minha admiração. (Nilton Pereira). Descanse em paz, amigo Adhemar Santillo.



Artigo brilhante do jornalista Nilton Pereira! Além da memória curta, infelizmente existe muita injustiça quando se trata de avaliar a vida de um homem público, como o Adhemar Santillo, que dedicou sua vida para essa cidade. Mas seus feitos são indeléveis e caberá àqueles que o conheceram e às suas obras, perpetuar sua memória!
A mim, perseguiu e prejudicou. Reverti, mas não Éden como vc fala Niltinho.