O mundo está assustado com a imprevisibilidade de Donald Trump e as decisões aparentemente inconsistentes e contraditórias dele. Em junho, ao ser questionado se planejava juntar-se a Israel no ataque ao Irã, afirmou: “Posso fazer isso. Posso não fazer isso. Ninguém sabe o que vou fazer”. Ele deu a entender que havia concordado com um cessar-fogo de duas semanas; contudo, bombardeou os iranianos.
A coisa mais previsível sobre Trump é imprevisibilidade. Ele muda de ideia, ele se contradiz, é inconsistente e toma decisões políticas de acordo com as preferências e o temperamento que tem. Ele usa a imprevisibilidade para fins políticos, tornando-a um ativo estratégico e político fundamental. Isso está mudando a configuração política e econômica do mundo.
Esta é a “Teoria do Louco” que busca persuadir o adversário de que é temperamentalmente capaz de qualquer coisa para extrair concessões. Isso pode se tornar uma forma de coerção, mas será que tal abordagem é eficaz? Trata-se de uma estratégia para enganar adversários, como num jogo de truco. Será que funciona?
Donald Trump começou abraçando o adversário Vladimir Putin e atacando os aliados da América. Trump insultou o Canadá ao dizer que o país deveria se tornar o 51º estado dos EUA. À Dinamarca fez saber que estava considerando o uso de força militar para anexar a Groenlândia, território dos dinamarqueses. Sobre o Canal do Panamá, que conecta o Oceano Atlântico ao Pacífico via Mar do Caribe, cogitou a possibilidade de retomar o controle e a propriedade.
Ele não é o primeiro líder mundial a empregar a doutrina da imprevisibilidade. Em 1968, Nixon orientou o conselheiro de Segurança Nacional, Henry Kissinger, a dizer aos norte-vietnamitas que ele era louco e ninguém poderia saber o que ele iria fazer. Então seria melhor chegar a um acordo antes que as coisas ficassem realmente loucas.
Assim age Trump e é muito difícil saber o que está por vir. Ele tem traços de caráter bem estabelecidos, mas isso não significa que o modo como faz as coisas pode ser sustentado a longo prazo. Sem segurança, as pessoas podem não querer fazer negócios. Logo após as eleições na Alemanha, em fevereiro deste ano, o chanceler Friedrich Merz declarou que “tornar a Europa mais independente dos Estados Unidos seria prioridade absoluta”.
É certo que nosso País também vai sentir as consequências da Teoria do Louco, já que o mercado brasileiro sofrerá grandes impactos com a taxação de 50%. No entanto, eventualmente, encontraremos novos mercados.
Ao mudar as prioridades que tinha, Trump desencadeou uma mudança política e econômica. Ele quer consolidar a posição da América porque a China desafia a supremacia Americana. Como hábil negociador, acostumado a se assentar à mesa com clientes e ganhar fortunas em negociações, o presidente dos EUA agora emprega a mesma estratégia no mundo político.
É como uma criança que é dona da única bola de futebol que há e quer estabelecer as regras do jogo de acordo com suas conveniências. Nesse cenário, duas opções são possíveis. A primeira: os meninos que querem jogar bola aceitam as novas regras. A segunda opção: os meninos ignoram o capricho do garoto voluntarioso e voltam para casa sem jogar, esperando que apareça alguém com uma bola nova.