Dados de Anápolis ainda são poucos em relação a outros municípios goianos. A taxa de gravidez em adolescentes está caindo. Isso é o que demonstram estatísticas do Ministério da Saúde, divulgadas este ano, apontando que o número de partos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em adolescentes de 10 a 19 anos caiu 34,6% de 2000 a 2009. A maior taxa de queda anual aconteceu no ano passado, quando foram feitos 444.056 partos em todo o País – 8,9% a menos que em 2008. Goiás teve uma queda nos últimos dez anos de 44,98%. Em Anápolis, as estatísticas revelam que a redução no município está aquém do esperado.
Segundo dados da Maternidade “Doutor Adalberto Pereira”, a redução poderia ser mais significativa. No entanto, a média mensal permanece a mesma, ou seja: de 200 mulheres grávidas, 30 são adolescentes. De acordo com a coordenadora do Programa Pré Natal e do Grupo de Adolescentes Grávidas no hospital, a psicóloga Eliana de Jesus Victor, o índice ainda é muito alto. “Os jovens hoje têm mais acesso à informação e aos métodos anticoncepcionais, o que explica essa redução. Mas, ainda não dá para comemorar”, disse.
Para a enfermeira da Maternidade, Silene Batista, os dados surpreendem, mas na realidade é apontada uma outra situação. “O número de adolescentes que estão na segunda ou terceira gravidez e, ainda, de forma não planejada é muito alto”, comentou ao relatar o caso de uma paciente de 14 anos que está na segunda gestação. Segundo ela, um dos motivos é a referência familiar. “Geralmente as mães dessas adolescentes também foram mães precoces e outras não falam sobre sexo e encaram a situação com normalidade”, afirma.
Em Anápolis, uma das unidades responsáveis para trabalhar ações que possam minimizar os dados de gravidez precoce, é a Unidade da Saúde da Mulher, localizada na Vila Jaiara. De acordo com a coordenadora da instituição, Luzia Firmino do Nascimento, diariamente são atendidas ali, em média, 25 adolescentes com dúvidas sobre métodos anticoncepcionais. Mas, revela uma curiosidade: “a preocupação maior não é com a gravidez e sim com as DST‘s”.
Desde 2001, Luzia Nascimento trabalha com palestras e ações educativas para mulheres. De acordo com ela, o número de partos em adolescentes poderia ser menor. “Temos à disposição da sociedade os vários métodos contraceptivos. Basta procurarem a unidade e seguirem as instruções dadas por nossas equipes”, ressalta. Além disso, o planejamento familiar é uma ação que a equipe desenvolve diariamente. Ela afirma que, os adultos (pais) devem compreender que o adolescente é um indivíduo sexuado e que o assunto deve estar presente na família para inibir a gravidez precoce.
Em nível nacional, o Ministério da Saúde atribui a redução da gravidez precoce às campanhas destinadas aos adolescentes e à ampliação do acesso ao planejamento familiar. Só no ano passado, foram investidos R$ 3,3 milhões nas ações de educação sexual e reforço na oferta de preservativos aos jovens brasileiros.
Nos últimos dois anos, 871,2 milhões de camisinhas foram distribuídos para toda a população. Qualquer pessoa pode retirar as unidades nos postos de saúde. Atualmente, os adolescentes do sexo masculino procuram cada vez mais o serviço público de saúde no intuito de retirar os preservativos.
Nesses locais, eles recebem, ainda, o apoio de um profissional de saúde para avaliar qual é o método contraceptivo mais adequado ao estilo de vida dos parceiros. Entre as opções, estão as pílulas anticoncepcionais, a injeção de hormônios e o DIU (Dispositivo Intra Uterino). A dupla proteção – o uso do método contraceptivo associado ao preservativo – é recomendada para que, além de evitar uma gravidez, os jovens se previnam de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS.
DIFERENÇAS REGIONAIS – A maior redução no número de partos de adolescentes, nos últimos cinco anos, ocorreu na Região Nordeste (26%). O Centro-Oeste vem em seguida, com 32.792 partos – 24,4% a menos que em 2005. Abaixo da taxa média de queda, estão: Sudeste (20,7%), Sul (18,7%) e Norte (18,5%).