Médico foi preso em Anápolis onde mais de 30 mulheres afirmam ter sofrido algum tipo de abuso sexual
O advogado criminalista Carlos Eduardo Martins, que assumiu a defesa do ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, preso nesta quarta-feira (29), se manifestou pela primeira vez sobre o caso. Ele negou que o médico tenha cometido qualquer prática sexual com as mulheres que já atendeu e destacou que Nicodemos é um ginecologista e que todos os exames e toques em pacientes realizados dentro do consultório tiveram fins de diagnóstico, sem nenhum teor sexual. “Não tem como ele fazer um diagnóstico mais preciso nas pacientes sem haver qualquer tipo de toque. Para isso, ele tem de fazer o que ele estudou e aprendeu. Todo contato que ele teve com as pacientes foi de cunho profissional. Meu cliente está tranquilo e certo de sua inocência”, explicou.
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Carlos Eduardo disse ainda que não teve acesso à totalidade do inquérito, mas afirmou que assim que o tiver em mãos vai pedir que o médico seja libertado. “Da mesma forma que muitas denúncias contra Nicodemos têm sido feitas, muitas pacientes têm entrado em contato para prestar apoio, inclusive se disponibilizando para prestar depoimento em favor dele. Sendo assim, esperamos que a investigação transcorra com imparcialidade e com isenção de ânimos”, declarou. Procuradas, as instituições onde Nicodemos atuava afirmaram desconhecimento de qualquer conduta antiética do profissional . Já o Conselho Regional de Medicina de Goiás declarou, através de nota, que vai abrir uma investigação para apurar os fatos.
Relatos semelhantes
Nicodemos foi preso durante a operação Sex Fraud, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), suspeito de praticar atos libidinosas contra pacientes. De acordo com o delegado geral da polícia civil em Anápolis, Vander Coelho, as investigações começaram há três semanas, quando uma delas procurou a delegacia para fazer uma denúncia. Depois, outras duas se juntaram à ela com as mesmas alegações. “Isso foi o suficiente para que conseguíssemos mandados de prisão contra ele e de busca e apreensão na residência e nos consultórios do médico, com o objetivo de ouví-lo e de encontrar anotações ou fotos que pudessem ser usadas como provas”, detalhou.
Depois disso, segundo Vander, a imagem do médico foi divulgada com o intuito de sensibilizar outras vítimas a também procurarem a polícia. “E foi o que aconteceu. Cerca de 30 mulheres apareceram com relatos semelhantes”, disse a delegada Isabella Joy, responsável pela investigação. “Ele foi preso preventivamente por violação sexual mediante fraude, porque usava do fato de ser médico para cometer os abusos”, explicou ela.
Mais denúncias
Ainda segundo Isabella, o médico escolhia pacientes jovens, bonitas e que estavam sozinhas. Até agora, a polícia apurou que Nicodemos estudou Medicina no Tocantins e fez residência em Ginecologia e Obstetrícia no Distrito Federal. Seu primeiro registro no Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás é de 2006. Apesar de Goiás ter sido o Estado onde ele mais atuou, o médico já trabalhou em diversos outros, sendo também inscrito nos conselhos regionais do Pará, Distrito Federal e Paraná. Uma sentença chegou a condenar o ginecologista por violação sexual mediante fraude em Brasília. A corporação informou ainda que o relato da mulher que fez a denúncia contra o médico no DF descreve o mesmo modo de agir que as três pacientes inicialmente ouvidas pela Polícia Civil de Anápolis.
As investigações apontaram também que, no Paraná, uma mulher registrou ocorrência pelo mesmo crime, mas o caso foi arquivado. De acordo com o delegado geral, o número de mulheres que querem denunciar Nicodemos continua aumentando. “Alem das 30 que procuraram a polícia depois da divulgação da imagem do ginecologista, várias outras já fizeram contato e decidimos montar uma força-tarefa com agentes extras para colher todos os depoimentos já que, com o suspeito preso, pecisamos concluir o inquérito em 10 dias”, finalizou ele.