A Força Aérea Brasileira informou, através de uma nota oficial, que vai abrir negociação junto à Embraer, com vistas a uma reavaliação do contrato de produção das aeronaves multimissão KC-390 Millenium.
O contrato, firmado em 2014, conforme foi divulgado na época pela imprensa, tinha o valor de R$ 7,2 bilhões. O que, corrigido, seria hoje algo em torno de R$ 10,4 bilhões. A meta seria a aquisição de 28 aeronaves que ficariam em parte na Ala 2 (Base Aérea de Anápolis).
A primeira aeronave KC-390 Millenium, de matrícula FAB 2853, inclusive, foi entregue em uma solenidade na Ala 2 com a presença do presidente Jair Bolsonaro e várias autoridades civis e militares, bem como de representantes do fabricante, no caso, a Embraer, no dia 04 de setembro de 2019.
Logo em seguida, foram mais três entregas: aeronave foi entregue na Ala 2 no dia 13 de dezembro de 2019. A terceira chegou no dia 27 de junho de 2020. A quarta unidade chegou no dia 19 de dezembro de 2020.
Desde então, a frota do KC-390 Millenium tem atuado em diversas operações pelo País, sobretudo, no suporte de ações do Governo Federal na prevenção e no combate à pandemia do coronavírus.
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Além disso, este ano, a aeronave foi destaque no Exercício Culminating, em Louisiana, nos Estados Unidos da América (EUA). Em uma das missões, o KC-390 integrou um voo de pacote, com a participação de 16 aeronaves, incluindo nove C-17 e seis C-130J, quando foi realizado o lançamento de mais de quatro mil paraquedistas em apenas uma noite.
Maior avião militar desenvolvido e fabricado no hemisfério sul, o KC-390 Millennium tem capacidade de realizar missões de Transporte Aéreo Logístico, Reabastecimento em Voo (REVO), Evacuação Aeromédica, Busca e Salvamento, Combate a Incêndio em Voo, entre outras. O KC-390 foi desenvolvido para atender aos requisitos operacionais da FAB, provendo mobilidade estratégica às Forças de Defesa do Brasil.
Em outubro de 2020, a aeronave recebeu da revista Aviation Week o prêmio Grand Laureate de Defesa. A premiação reconhece as melhores realizações nos quatro pilares da indústria: Defesa, Aviação Comercial, Espaço e Aviação Executiva. (Com informações do site da Força Aérea Brasileira.
Veja, abaixo, o inteiro teor da nota oficial divulgada pela Aeronáutica sobre as KC-390
A crise sanitária que o mundo vem enfrentando desde o fim de 2019 tem provocado reflexos na conjuntura econômica global, com impactos também na situação fiscal e orçamentária brasileira. Como consequência, os recursos destinados ao setor de defesa vêm sofrendo restrições que causam limitações diretas nos projetos estratégicos das Forças Armadas.
Nesse contexto, a Força Aérea Brasileira, mantendo seu compromisso com as metas orçamentárias e em consonância com o cenário atual, decidiu rever os caminhos a serem seguidos na continuidade do contrato de produção da Aeronave KC-390 com a Embraer. Devido à complexidade deste tema, é necessário considerar os diversos aspectos que impactaram diretamente esta tomada de decisão.
A questão principal refere-se ao número previsto de 28 aeronaves do atual contrato, o qual, neste momento, tem se mostrado superior à realidade orçamentária da Força, tanto para aquisição, quanto ao suporte logístico ao longo do tempo.
Desde o início de sua operação, a frota de aeronaves KC-390 vem apresentando excepcionais índices de disponibilidade e despachabilidade, resultando em uma capacidade muito superior em volume e agilidade no transporte de cargas e pessoal, fatores observados com sucesso durante as diversas missões realizadas ao longo de 2020 e 2021.
Assim, considerando a conjuntura socioeconômica atual e os altos índices de desempenho das unidades já entregues, o Comando da Aeronáutica entende que o escopo contratual deve ser reavaliado, com foco na melhor adequação da produção e nos interesses públicos.
Cabe ressaltar que, mesmo em um cenário economicamente estável, reavaliações e modificações contratuais no mercado da aviação internacional ocorrem com frequência, por se tratar de uma área dinâmica e que envolve cifras vultosas.
Em síntese, após uma série de análises orçamentárias e estudos operacionais iniciados em 2019, fundamentados nas previsões legais em vigor, foi determinado pelo Alto-Comando da Aeronáutica o início do processo de negociação contratual junto à Embraer. O objetivo será reduzir o número total de aeronaves entregues, com base no atual contrato, e buscar uma cadência de produção de 02 aeronaves por ano, fatores considerados adequados observando-se os aspectos operacionais, logísticos e financeiros.
Por fim, a Força Aérea Brasileira reforça que considera a Embraer uma parceira estratégica na implementação de soluções e desenvolvimento de produtos tecnológicos, que têm sido fundamentais para o pleno cumprimento de sua missão constitucional. Tal fato é evidenciado pelos projetos conjuntos que estão em curso, como o estudo para a concepção de veículos aéreos não tripulados e o desenvolvimento conceitual de uma nova aeronave de transporte leve.