Por Priscila Marçal
Pra começar, foi uma mulher que fundou Anápolis. Em 1819, uma caravana que saiu de Meia Ponte (hoje Pirenópolis) com destino a Silvânia, liderada pela fazendeira Ana das Dores de Almeida passou por aqui. Ao fazer pouso nessas terras, Dona Ana prometeu à santa de quem era devota, Sant’Ana (ou Santa Ana) e que, mais tarde, tornou-se a padroeira da Cidade a construir uma capela em sua homenagem.
Ana das Dores não só fundou, mas, inspirou o nome da cidade. Considere que polis seja o termo grego para “cidade”. Ana + polis, Anápolis, cidade de Ana. E quantas Anas protagonizam a história da Manchester Goiana! Algumas são nascidas e criadas aqui. Outras não.
Das Anas estrangeiras, destaca-se a empresária Ana Khoury, que em 1959, fundou uma rádio AM na cidade, a Rádio Imprensa, que existe até hoje. É a emissora que está há mais tempo em operação no município, e é uma das mais antigas do Estado.
Só uma curiosidade: quem deu a ideia para o nome da cidade, na década de 30, foi o jornalista Moisés Santana Neto. Que tem Santana como sobrenome. A filha dele deu nome a um dos colégios mais tradicionais do município, Antensina Santana, no Centro da Cidade. E foi lá que outra Ana construiu uma história linda de ser contada. Afinal, não temos na memória, apenas, Anas fazendeiras e empresárias. A humilde Ana doceira, que era zeladora do, então Grupo Escolar “Antensina Santana”, nas décadas de 50 e 60, aproveitava o intervalo das aulas para vender balas de puxa, um tipo de melado que fazia sucesso entre os alunos. Conta-se que a fila para comprar os doces de Dona Ana era gigante. Foi assim que ela educou sua filha, Hosana, que se formou, inclusive, em vários cursos superiores e passou em um concurso do Governo do Estado. Imagina quantas outras mulheres fizeram como dona Ana doceira? Se desdobraram em dois ou três empregos para criar seus filhos e deixar uma geração melhor para o futuro de Anápolis (o nosso presente agora).
Temos, também, as Anas benevolentes. Entre elas, lembramos de Ana Maria Abrão Silva, que encabeçou um lindo projeto para ajudar mulheres com câncer. É o projeto Colmeia, que arrecada dinheiro por meio de iniciativas sociais (bazares, festas típicas, etc.), para auxiliar pacientes em tratamento contra o câncer e que precisem de auxílio financeiro.
A Ana Paula Rodrigues Corrêa, também se destaca no comando de um importante serviço social. Ela coordena o programa de voluntariado da UniEvangélica, “Mãos para o bem”, que desempenha um papel vital no fortalecimento da cultura do voluntariado em Anápolis.
Tenho aqui uma lista enorme de outras Anas que, no passado, ajudaram e muitas que, ainda hoje, ajudam a construir Anápolis. Anas nascidas aqui ou importadas pra cá, que fazem diferença todos os dias. A Ana Maria Curado – que tem parentesco com Bernardo Élis (Bernardo Élis Fleury de Campos Curado, o único goiano a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras) – que veio de Corumbá de Goiás pra comandar a assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal em Anápolis. A Ana Clara Itabiga, filha de Anápolis, mas hoje em São Paulo, também trabalhando com assessoria de comunicação. Outra Ana jornalista, a Ana Gabriela Luiz, que tem ajudado a escrever a história de Anápolis. A professora Ana Mioto, uma das mais famosas da cidade, que ajudou na educação de centenas de jovens anapolinos. A sua xará, Anna Emília Sabino Oliveira Alvares, nascida, criada e educada aqui, hoje é gerente do Banco Itaú. E a Anna Rhaissa Silva, uma das diretoras deste periódico, Jornal Contexto.
Dentre tantas Anas da atualidade, uma merece destaque especial: Ana Carolina Poloniato. Nascida em Anápolis, criada aqui, estudou na UniEvangélica, se formou em Medicina e hoje é oftalmologista. Trabalha na cidade e não quer saber de sair daqui. “Sou apaixonada por Anápolis, uma anapolina convicta”, disse em uma entrevista recente na Rádio Imprensa.
Citamos a história de todas essas mulheres não só pela coincidência de terem o prefixo da cidade na certidão de nascimento. Esta reportagem foi para lembrar que as mulheres, maioria da população, fazem de Anápolis o que ela é. Quem não é Ana por batismo, é Ana por patriotismo. Afinal, todas que moram aqui são ana-polinas, e carregam a responsabilidade de construir a Anápolis do futuro.