Por conta do destino, a mensagem e o projeto de lei enviados ao Congresso Nacional, propondo a transferência da Capital da República para o Planalto Central, foi assinada pelo presidente Juscelino Kubitschek, em Anápolis no dia 18 de abril de 1956. O ato estava programado para Goiânia, mas com o aparecimento de nuvens o avião presidencial aterrissou em Anápolis. Em solenidade improvisada, no aeroporto local, aconteceu o primeiro encontro da história de Anápolis com o homem mais importante que o Brasil já teve.
Asfalto até Anápolis foi decisão estratégica de JK
O presidente JK voltou a Anápolis, no final de agosto de 1957, para inaugurar a BR 060, uma estrada asfaltada, no meio do nada, sem ligação com nenhuma outra rodovia pavimentada, ligando o futuro Distrito Federal à ponta dos trilhos. Juscelino tinha pressa e colocara o engenheiro Bernardo Sayão à frente desta obra estratégica, dividida entre cinco empreiteiras, em seus 130 km de extensão. Em menos de um ano, estava pronta a conexão do transporte rodo-ferroviário para a consecução da logística de construção da nova Capital. Sonho que se concretizava a cada carga de material de construção transferida dos vagões para os caminhões enfileirados em volta da estação ferroviária e a cada passo de quantos candangos percorriam a pé o trajeto até a Capital da Esperança.
Amizade com Anapolino rendeu visitas a Anápolis
Após o término do mandato de Juscelino, o Partido Social Democrático estruturou, em 1961, uma abertura no Senado para conduzir a já convencionada candidatura do estadista às eleições presidenciais de 1965. O deputado Anapolino de Faria foi um dos líderes da campanha de JK, eleito senador por Goiás, em 1961. Ponto de partida da amizade entre ambos, a política rendeu inúmeras visitas do estadista a Anápolis.
Em 1964, Juscelino Kutibtschek teve o seu mandato de senador cassado e seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Retornou do exilo, em 1967, mas somente teve autorização para pisar o solo de Brasília em 1971. Um ano depois, através dos contatos de Anapolino de Faria, JK adquiriu uma fazendola nos arredores de Luziânia, onde construiu casa projetada por Oscar Niemeyer. Ele nada pagou pelo projeto da sede e tampouco pela rede de energia elétrica. Apesar de manipular bilhões durante a construção de Brasília deixou o cargo de Presidente da República sem ser rico e ficou pobre em razão do exílio e das perseguições políticas e pessoais.
Serestas na casa projetada por Oscar Niemeyer
Mais do que dinheiro, as amizades e as serestas alegravam a vida do Presidente, como era chamado pelos amigos. Uma vez por mês ele freqüentava balneários de Caldas Novas, em busca de repouso físico e mental, passando por Anápolis, às sextas-feiras, para visitar o casal Anapolino e Dulce, com quem almoçava. Retornava aos domingos, parando novamente na cidade para dormir na casa dos compadres (era padrinho Maurice, primogênito do casal). Costumeiramente, trazia um violeiro e organizava serenatas no jardim da casa, projetada por Oscar Niemeyer. Na parede da sala, o exótico mural criado pela equipe do maior arquiteto do Brasil, era cúmplice das noitadas que se arrastavam ao até ao raiar do novo dia.