
Marcha lenta que fez com que a cidade perdesse a condição de segunda maior economia goiana analisada pelo PIB, recentemente. Com quase 420 mil habitantes, perdeu posição para uma cidade de, apenas, 240 mil habitantes: Rio Verde.
Motivo de orgulho para os anapolinos, como eu, a cidade industrial por vocação, de localização estratégica e povo trabalhador, conhecida como a Manchester Goiana, não empobreceu. Pior: ficou para trás. Enquanto outras cidades compreenderam as mudanças do mundo produtivo, Anápolis permaneceu excessivamente dependente de um modelo econômico que envelheceu (incentivos fiscais, localização geográfica nacional, etc).
As cidades que ultrapassaram Anápolis, Aparecida de Goiânia diversificou sua economia, criou vários Distritos Industriais, eliminou burocracia, apostou em logística moderna e fez política de desenvolvimento; Rio Verde fez política de futuro Verde transformou o agronegócio em agroindústria, tecnologia e valor agregado. Enquanto isto, por aqui, faltou uma visão clara de longo prazo e sobrou política de sobrevivência eleitoral. Por isto mesmo, faltou coragem; faltou planejamento além do calendário eleitoral e reeleição; faltou união empresarial com coragem para dar o grito de alerta. Sim, onde estão as associações que ajudaram construir Anápolis? Silentes!
Por isso, não é difícil entender porque as indústrias do DAIA, quase 50 anos depois, não têm a escritura do terreno onde implantaram suas indústrias e que esta situação já passou por, pelo menos, três Governadores ditos amigos da cidade, Henrique Santillo, Marconi Perillo e Ronaldo Caiado (uma vergonha!). E a burocracia que emperra negócios é a mesma que trava O DAIA (que não dispõe de energia, água, esgoto), que envelheceu sem um plano consistente de modernização, perdeu competitividade e foi abandonado à lógica burocrática. Nenhuma estratégia robusta de inovação, nenhuma política agressiva de atração de novas indústrias e setores. Parado no tempo!
Por isto mesmo, quem acreditou na cidade como os Setores Hoteleiro e Imobiliário estão em seu pior momento. Porem é bom entender que Anápolis não perdeu posição econômica por fatalidade histórica nem por falta de potencial. Perdeu porque foi mal conduzida politicamente ao longo dos últimos 30 anos. A queda para o quarto lugar no PIB goiano é o retrato numérico de uma cidade que parou no tempo enquanto outras avançaram. Verdade, também, é que a cidade virou refém de discursos vazios, promessas repetidas e uma política míope, incapaz de pensar além do próximo pleito.
E o resultado não poderia ser outro: crescimento tímido, protagonismo perdido e uma cidade vivendo do passado enquanto o futuro escolhe outros destinos. Evidente que ainda há tempo mas o relógio corre contra. Sem uma ruptura clara com a política acomodada, a cidade corre o risco de se tornar apenas um ponto logístico no mapa, sem alma econômica e sem ambição coletiva. A virada exigirá coragem política, união institucional e uma nova narrativa de desenvolvimento. Afinal, cidades que não se reinventam não desaparecem, apenas são ultrapassadas. E foi o que aconteceu.
É com tristeza que escrevo sobre estas verdades puras. E o faço como missão, como cidadão que acreditou e acredita na cidade, na convicção de que quem ama a cidade não a adula. Ao contrário: cobra, provoca e incomoda. Sim, Anápolis só foi grande porque sempre houveram pessoas que não se conformaram. E passa da hora da cidade acordar e manifestar a inconformidade com a marcha lenta da cidade. Vamos reagir?
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