A 28 de janeiro de 1942, durante a Terceira Conferência dos Chanceleres Americanos no Rio de Janeiro, anunciava o Governo do Brasil o rompimento de suas relações com a Alemanha, o Japão e a Itália, por efeito de seus compromissos internacionais em face da agressão a Pearl Harbour (7 de dezembro de 1941).
Diante de várias conquistas em nome da nação, os soldados veteranos moradores da cidade de Anápolis constituíram a Associação dos Pracinhas de Anápolis – que no início, era composta por 25 membros. Atualmente, porém, o número não passa de oito ex-combatentes vivos. E todos os anos, para manter viva na memória a importância para o Brasil desses lutadores, os membros participam do desfile em comemoração ao aniversário da cidade. “É uma forma de relembrar a importância de ser brasileiro e tentar repassar para a população a chama do patriotismo que os militares carregam”, afirmou o ex-combatente, capitão Waldyr O‘Dwyer – militar e participante efetivo dos combatentes da II Guerra Mundial.
Com 92 anos, o capitão Waldir O‘Dywer, presidente da associação, se considera o mesmo patriota de sempre. Apesar de hoje atuar como empresário, seu maior orgulho é ter lutado representando o Brasil. Ele explica que todos os ex-integrantes da tropa brasileira, mesmo após mais de seis décadas do término da II Guerra, continuam cultivado intensamente o espírito de vitória que trouxeram da Itália, após vencerem todas as missões. Mas, mesmo não atuando mais como militar, o Capitão Waldir procura cumprir bem o seu papel como empresário, ajudando no desenvolvimento da cidade. E adverte que é preciso despertar nos jovens o amor pela pátria, independente do papel que esses desenvolvam na sociedade.
O herói, que já viveu em vários lugares do Brasil, tomou Anápolis como sua cidade. Para ele, o aniversário de 102 anos do município deveria servir de estímulo aos jovens para lutarem por uma Anápolis melhor. “A cidade é maravilhosa, têm crescido muito, mas tem muita mão-de-obra de fora”, ele apontou ao enumerar os diversos fatores que fazem da cidade um pólo industrial.
FEB nos campos de batalha da Itália
No dia dois de julho de 1944, há pouco mais de 64 anos atrás, o Brasil fazia o primeiro embarque de militares do 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), sob o comando do general João Batista Mascarenhas Morais, para lutar ao lado das forças aliadas nos campos de batalha da Itália. A tropa seguiu destino para Nápolis. Na bagagem, os pracinhas- como ficaram conhecidos – levavam o ideal e a coragem.
O Brasil, que sempre foi um país pacífico, relutava em entrar na segunda grande guerra mundial. E isso aconteceu, segundo os historiadores, devido ao ataque dos países do “Eixo”, que afundaram 36 navios mercantes brasileiros, deixando um saldo de 1.074 mortes (21 submarinos alemães e dois italianos atacaram a frota mercante do país). Em razão disso, os Estados Unidos solicitaram ao presidente Getúlio Vargas, a abertura da costa marítima da ilha de Fernando Noronha e do Nordeste para o recebimento de suas bases.
Os brasileiros constituíam uma das 20 divisões aliadas presentes no front italiano, constituídas por: americanos, italianos anti-fascistas, exilados europeus (poloneses, tchecos e gregos) e tropas coloniais britânicas (canadenses, neozelandeses, australianos, sul-africanos, indianos, kenyanos, judeus e árabes da Palestina ocupada) e francesas (marroquinos, argelinos, senegaleses), dentre outros.
A participação brasileira na Itália foi decisiva para o desfecho de importantes batalhas. A FEB, ao final da campanha, havia aprisionado cerca de 20 mil soldados inimigos, 80 canhões, 1500 viaturas e aproximadamente quatro mil cavalos. Em seis de junho de 1945, o contingente foi dissolvido pelo Ministério da Guerra. O Brasil perdeu, nesta campanha, 450 praças e 13 oficiais. Cerca de dois mil morreram em razão de ferimentos de combate; outras 12 mil baixas em campanha foram registradas devido a mutilações, incapacitando os soldados para os combates. No total, foram enviados para a Itália cerca de 25 mil homens.
Ainda de acordo com os registros históricos, as cinzas dos soldados brasileiros que morreram nos campos de batalha foram transladadas da cidade de Pistóia para o Brasil, no ano de 1960, e depositadas no Monumento aos Mortos construído no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.