Com a chegada do centro de tecnologia da área, cidade pode experimentar novo salto de crescimento
Durante as comemorações do aniversário de 114 anos de Anápolis, a cidade vê mais uma vez a ferrovia cruzando seu caminho, com a assinatura do Memorando de Entendimento entre Governo de Goiás e Ministério da Infraestrutura, para a instalação do Centro de Excelência em Tecnologia Ferroviária (CETF).
A unidade será instalada no Centro de Convenções de Anápolis, com previsão de início das operações no segundo semestre deste ano. O local foi escolhido por estar às margens da BR-060 e próximo ao Daia e à Ferrovia Norte-Sul.
Tal iniciativa só se assemelha na cidade de Memphis, nos EUA, considerada o principal hub logístico da América do Norte. Portanto,o centro já nasce como referência no desenvolvimento tecnológico ferroviário mundial.
No local, projetos de inovação no sistema de transportes ferroviários serão concebidos, prototipados e testados. O espaço será uma unidade de testes acelerados e de padronização de tecnologia ferroviária, com o desenvolvimento de pesquisas e a realização de treinamentos.
O prefeito Roberto Naves recebeu com empolgação a notícia e comparou o que está por vir com a época de grande desenvolvimento experimentada por Anápolis à partir de 1935, há 85 anos, com a inauguração de uma estação da Ferrovia Goyaz na região central.
“A ferrovia definiu boa parte do que a cidade é hoje em termos econômicos e de formação do seu povo, já que o trem foi o principal meio de transporte para vinda de imigrantes que ajudaram a formar a comunidade local”, disse ele.
Segundo Naves, a integração do CETF com as ferrovias Centro Atlântica e Norte Sul, somada à operacionalização do Aeroporto Civil e de Cargas, o Porto Seco e às três rodovias federais e três estaduais que cortam a cidade vai dar o salto socioeconômico que muitos aguardam há tanto tempo.
História
No feriado da Independência do Brasil em 1935 os anapolinos se reuniram na estação ferroviária para ver o trem de ferro. A partir disso, Anápolis entrou efetivamente na rota do progresso, ganhando o apelido de Manchester Goiana.

Desde sua origem o município já mostrava vocação comercial, devido à sua localização, um entroncamento para diversas regiões. A estrada de ferro dinamizou esse perfil. É impossível imaginar Anápolis sem o sistema ferroviário inaugurado na cidade naquela época. Era pra ter acontecido antes.
Em 1873 um projeto da estrada de ferro em Goiás tinha a intenção de chegar à Cidade de Goiás, antiga capital do Estado. Outros projetos ferroviários apresentados na época sempre colocavam Anápolis como rota dos trilhos. Mas a pedra fundamental da estação ferroviária que de fato seria inaugurada na cidade só foi lançada em 1933.
Antigo Cemitério
Poucos tem conhecimento que a praça Americano do Brasil, hoje conhecida como Praça do Avião, por causa do Mirage lá exposto, foi o antigo cemitério da cidade. A notícia da chegada da ferrovia alterou a rotina a ponto de os túmulos do cemitério serem transferidos.
É que, bem em frente seria o terminal ferroviário. O local então passou a se chamar Horto Florestal, depois Jardim da Estação para, enfim, ganhar o nome que tem hoje. A Estação Ferroviária começou a ser feita na gestão do prefeito João Luiz de Oliveira, mas foi seu sucessor, o farmacêutico José Fernandes Valente, que inaugurou a edificação que hoje leva seu nome.
A antiga estação ferroviária se tornou patrimônio histórico em 1991, mas permaneceu escondida por um terminal urbano construído de forma irregular. A estrutura para os ônibus foi retirada após longa ação judicial e a prefeitura revitalizou o espaço.
O trem que ajudou no progresso foi motivo de nova mobilização popular anos depois. Com o aumento populacional juntamente com um maior número de veículos nas ruas, os trilhos da estrada de ferro foram retirados e a estação ferroviária desativada.
Tal fato aconteceu no dia 3 de maio de 1976 na administração do prefeito Jamel Cecílio. Os trilhos, que foram símbolo do progresso na década de 1930, passaram a ser um problema para os moradores, pois o automóvel passava a ser o meio de transporte preferencial.
Norte-Sul
Com a consolidação do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) na década de 1990 a antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA) foi reativada na região, que se tornou um ramal da Ferrovia Centro-Atlântica, permitindo que a cidade tivesse acesso por trilhos aos portos da região sudeste do Brasil, como o terminal da cidade de Santos. Anápolis também fez projeções por vários anos de um projeto lançado na década de 1980 pelo então presidente José Sarney, a Ferrovia Norte-Sul. Projetada para ser um dos principais eixos ferroviários do País, ela coloca a cidade como marco zero que ligará Açailândia (MA) a Estrela d’Oeste (SP). A decisão do governo federal em leiloar a Norte-Sul já colocou em operação o trecho entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO), sob responsabilidade da concessionária VLI, e entre Rio Verde e Estrela d’Oeste (SP), sob responsabilidade da concessionária Rumo Logística. Já o trecho entre Porto Nacional (TO) e Anápolis, que tem suas obras concluídas desde 2014, e o trecho entre Ouro Verde de Goiás e Rio Verde seguem em fase de investimentos para a construção de terminais para torná-los operacionais.