Uma comissão de estudantes do curso de Direito da Faculdade Anhanguera esteve na redação do CONTEXTO para registrar “indignação” em relação ao tratamento que os acadêmicos estão recebendo por parte da entidade, em meio à crise sanitária provocada pela pandemia do coronavírus.
Os estudantes Aritana Bernardo Pires, Alisson Matteus Borges Guimarães e Matheus de Morais Silva relataram que desde o começo da pandemia e após a interrupção das aulas presenciais, a Anhanguera não adotou nenhuma medida no sentido de reduzir o preço das mensalidades cobradas. Segundo eles, entendendo as dificuldades, boa parte continuou pagando, mesmo porque estava sendo assegurada a oferta de conteúdo na modalidade de ensino à distância (EAD).
Ocorre que, a partir do dia 10 de junho, os estudantes foram colocados em férias, se estendendo as mesmas até 24 de agosto. Neste período, não houve a interrupção da cobrança e nem a redução do valor das mensalidades.
A comissão de estudantes afirmou, ainda, ter conhecimento de que cinco professores do curso foram demitidos. E, mesmo com a redução do quadro, não houve redução da mensalidade e, para agravar, na volta aos estudos, a instituição passou a ofertar, no Direito, duas matérias com professores e o restante ficou no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que, conforme explicam os acadêmicos, é um portal onde são colocadas algumas questões para respostas.
Para o grupo, além da questão do preço de mensalidade, a qualidade do ensino tem preocupado a todos os acadêmicos, já que da forma como está, acreditam que haverá grande perda de conteúdo necessário à formação. Além disso, os estudantes enfatizam que não há um canal de diálogo entre eles e a instituição. Por várias vezes, dizem, as questões já foram levadas à coordenação e não houve abertura para uma busca de solução aos problemas apresentados.
Os estudantes acreditam que seria possível, com diálogo, estabelecer uma grade com disciplinas de menor peso agora nessa fase em que há dificuldades no repasse de conteúdo e deixar as disciplinas com maior peso para uma fase posterior. Também não há qualquer sinalização sobre a retomada das atividades presenciais.
“Ficamos jogados”, lamenta um dos estudantes, pontuando que o curso de Direito, particularmente, tem muitas nuances que dificultam o aprendizado à distância. E, na forma como está ocorrendo atualmente, os prejuízos são graves para os acadêmicos. “Nós não queremos nada além daquilo que temos direito”, sintetizou outro estudante.
A resposta da Anhanguera
A redação encaminhou um e-mail à direção da Anhanguera, solicitando o posicionamento da instituição acerca das colocações apresentadas pelos alunos. Em resposta, foi encaminhada a nota abaixo:
“A Anhanguera Anápolis suspendeu suas atividades presenciais para contribuir nas ações preventivas à propagação do COVID-19. Para manter a qualidade do conteúdo e garantir suporte total aos nossos alunos, as aulas estão sendo ministradas pelos professores de forma remota. Os docentes seguem utilizando a mesma estrutura das aulas presenciais e trabalhando em jornada integral para que não haja qualquer prejuízo ao currículo e calendário escolar, em total consonância com as Portarias nº 343 e 345*, de 17 e 19/03/2020 respectivamente, do Ministério da Educação. Não houve, portanto, qualquer redução de custos para a instituição, pois nossos professores continuam atuando remotamente na preparação e transmissão das aulas, bem como na elaboração de atividades e exercícios, oferecendo também todo o suporte pedagógico aos alunos. O professor interage com os alunos, em momentos que podem ser síncronos ou assíncronos, tirando suas dúvidas e orientando-os em seus estudos.
A instituição esclarece, também, que investimentos adicionais precisaram ser direcionados à plataforma interativa como forma de viabilizar a transmissão das aulas online e os demais recursos oferecidos aos alunos. Por fim, o planejamento financeiro das instituições de ensino particulares, que ocorre antes do início das aulas, segue a regra imposta pela lei nº 9.870/1999 e, uma vez que o valor cobrado mensalmente corresponde a uma parcela do custo total do ano ou semestre letivo em curso, entende-se que as mensalidades escolares não devem sofrer qualquer impacto.
A Anhanguera Anápolis informa que as disciplinas e formatos disponibilizados estão em total concordância com as disposições do MEC, respeitando sem ressalvas a carga horária total das matrizes acadêmicas e as entregas de conteúdos pedagógicos. A IES ressalta que está à disposição para atender todas as dúvidas pontuais que os alunos tenham acerca das disciplinas de seu curso, formato de apresentação e docentes alocados, através da coordenação e diretoria”.