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Anos 50: o ‘Bola Verde‘ e a ‘erva maldita‘ viram notícia nas páginas policiais de Anápolis

de Felipe Homsi
28 de julho de 2014
em Entretenimento
Reading Time: 5 mins read
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‘A Polícia vem espancando a torto e a direito‘. Este era o título de uma das notas publicadas na seção Fatos Policiais, em 21 de março de 1957, no Jornal O Anápolis, então sob a direção do ex-deputado federal Haroldo Duarte, falecido recentemente. Nada parecido com o nosso ‘jornalês‘, ou linguagem jornalística de hoje. A forma de escrever empregada aparenta ser a de um escritor envolvido emocionalmente com os fatos, uma espécie de porta-voz do consciente coletivo. Nos dias de hoje, o título poderia muito bem ser ‘Polícia espanca pintor‘.
A descrição dos fatos e a citação dos envolvidos eram carregadas de adjetivos e juízo de valor. O texto continua: “agora temos que apontar um revoltante espancamento praticado por tarados que se encontram encobertos pela farda de mantenedores da ordem. Sábado último, dia 16, os soldados Agenor Gomes e um outro de nome Pachêco, auxiliados pelo “Cagoeta” Romeu Felix, indivíduo de maus instintos, que também precisa ser posto à margem do nosso organismo policial, espancaram na zona do meretrício o pintor Waldemar Vieira de Souza, que ficou em estado deplorável”.
Para o jornalista Edson Nuno, de Anápolis, “os jornalistas (da década de 50) eram pessoas que circulavam no meio literário, pessoas que escreviam literatura. Era um estigma escrever coisas fáceis. O bonito era escrever difícil, lançar mão de um vocabulário que impressionasse”. “Para muitos, o texto rebuscado, também, era uma forma de se impor e ganhar prestígio social, conquistar a garota cobiçada”, continua.

O “Bola Verde” continua aborrecendo
A página 4 do Jornal o Anápolis, publicada em 10 de março de 1957, noticiou um pedido da Câmara de Vereadores do Município, para que fosse feita intervenção policial na casa de prostituição chamada Bola Verde, localizada no então distrito de Damolândia. Mais uma vez, o jornalismo lança mão de sua forma de falar para dar voz ao sentimento de parcela da sociedade que se indignava com a existência da chamada ‘casa de baixo meretrício‘, como eram denominados estes locais.
‘Segundo o requerimento, ali está sendo praticado jogo de azar, frequentado, na sua maioria, por menores, que, à falta de outra distração, ali procuram passar horas em companhia do que há de pior na fauna humana‘, dizia o periódico anapolino. O jornalista Edson Nuno entende que “preconceito (no jornalismo anapolino) gera vergonha e vergonha gera uma necessidade de se expressar em verbo com cuidado, trocando termos “chulos” por outros mais polidos, como: indivíduo de maus instintos ao invés de marginal, organismo policial ao invés de polícia, zona do meretrício ao invés de zona de prostituição. A linguagem era muito rebuscada e se tendia a discursos”.
“Além disso, os jornalistas em Anápolis, naquela época, não travavam contatos com publicitários. Anápolis não tinha publicitários. Propaganda era de boca em boca, de carros de som nas ruas e os publicitários, por mais que se destoem teoricamente do jornalismo, colaboraram para o dinamismo da linguagem”, acrescenta o profissional da comunicação sobre a importância que teve, posteriormente, a publicidade para a mudança na linguagem do jornalismo. Ainda, de acordo com Edson Nuno, “a linguagem rebuscada só começou a desaparecer após a implantação das escolas de comunicação… quando fomos estudar sobre teorias e perceber que a literatura estava muito distante (num sentido teórico) do jornalismo”.
“A partir daí, Anápolis começou a receber gente qualificada para a referida linguagem e o jornalismo foi deixando de lado o ranço da literatura para conquistar mais leitores”, explica. Para ele, o que se observa, hoje, na cidade, é uma superação do modelo da década de 50. Edson entende, também, que a cultura radiofônica contribuiu para a nova forma de falar do jornalismo anapolino. “Então, essa cultura do rádio nos proporcionou uma linguagem informal”, detalhou.

Descoberta uma quadrilha de maconheiros
Plantava-se a “erva maldita” em Nerópolis – presas diversas pessoas – outras notas policiais
O que hoje é noticiado nos jornais apenas quando se apreende uma quantidade considerável desta droga, a apreensão, em Nerópolis, de seis quilos de maconha foi capa da edição de 14 de abril de 1957 do Jornal O Anápolis. ‘Em virtude de uma denúncia do Sr. Pedro Inocente Teles, de Nerópolis, denúncia esta feita diretamente ao Sr. secretário de Segurança Pública, dando conta da existência, em Nerópolis, de plantações de maconha, o Dr. Antenor Gomes Ribeiro designou o Sr. Thales Reis para instaurar inquérito policial”, afirmava o texto.
A repercussão foi tamanha que, na mesma edição, um artigo foi produzido pelo escritor anapolino João Asmar sobre o tema, mostrando seu espanto pelos males causados pelo consumo desta droga ilícita. “Pelos escritos tomei conhecimento dos efeitos tremendos dessa erva sobre o organismo humano, quando a usam à semelhança do fumo. Transtorna completamente o viver das criaturas, atirando-as para um mundo diferente e perigoso. E, não obstante, parecem encontrar neles, os viciados o paraíso”.
O jornalismo cumpridor de promessas
O caso dos ladrões de automóveis empolga a opinião pública da cidade
Em 1954, um assassinato choca a sociedade Anapolina. A narrativa da edição de O Anápolis publicada no dia 2 de maio daquele ano conta que ‘foi encontrado morto a pancadas e a perfurações de projéteis o motorista José Robert Peixoto e gravemente baleado seu companheiro Luiz do Nascimento, vulgo “Paraíba”. Ambos pertencentes a uma formidanda quadrilha de ladrões de automóveis, orientada e dirigida, ao que se comenta, por elementos infiltrados na sociedade e até então gozando de relativo conceito‘.
O jornalismo anapolino não apenas narrou o fato, como rememorou o ocorrido, mostrando as repercussões do caso e montando a trama da narrativa, que incluiu os “matadores”, a polícia e demais envolvidos no crime. O texto evidencia o que parecia ser uma espécie de compromisso do jornalismo da época em dar esclarecimentos posteriores sobre determinado fato. Na notícia sobre o assassinato do motorista José Robert, o jornalista que escreveu o texto fez questão de demonstrar que a continuidade da narração do fato em outras edições fazia parte da promessa feita pelo próprio jornal.
‘De acordo com o que prometemos em a nossa edição anterior, damos abaixo clichés tomados no local do crime e a narrativa dos fatos delituosos, colhida junto às delegacias Regional e Especial de Polícia de Anápolis, extraída do respectivo processo‘, expressou o periódico.
Casas populares para jornalistas
Em 13 de junho de 1957, o jornal O Anápolis publicou uma matéria de capa com o título ‘Casas populares para jornalistas‘. Na época, o então vereador Antônio Moreira apresentou Projeto de Lei na Câmara Legislativa Anapolina autorizando a doação do terreno onde se localizava o Matadouro Municipal visando a construção de moradias para jornalistas anapolinos. O jornal saiu em defesa da classe jornalística, apoiando a criação daquele conjunto habitacional. Pelo projeto, as casas seriam construídas com recursos municipais.
A publicação do dia 13 de junho dizia: ‘a propositura do edil Moreira vem de encontro aos anseios de uma classe relativamente numerosa, que, embora recebendo pequenos vencimentos, vem labutando em prol da grandeza de Anápolis, usando de todos os recursos que possui‘.

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