Na última semana, mais três vítimas foram ouvidas. Médium, condenado a 60 anos de prisão por crimes sexuais, já foi acusado por 300 mulheres
Na última semana, entre os dias 22 e 25 de março, o Ministério Público de Goiás (MPGO) recebeu mais três denúncias envolvendo João Teixeira de Faria, o auto intitulado João de Deus. As vítimas, duas de São Paulo e outra de Minas Gerais, se juntam a outras 317 mulheres que relatam ter sofrido algum tipo de abuso na casa de Dom Inácio, em Abadiânia.
Para o promotor, Luciano Miranda Meireles, as novas vítimas que vêm aparecendo só mostram que, na verdade, está longe da Justiça conhecer toda a verdade. “Essas mulheres, até então, não tinham sido contabilizadas ou ouvidas. São pessoas que surgiram e romperam a barreira do silêncio na semana passada. Isso só prova que, talvez, não tenhamos atingido toda a complexidade e dimensão do caso”, explica.
Ainda segundo Meireles, a transmissão do documentário Em Nome de Deus, produzido pela GloboPlay, em sinal aberto na TV, o que ocorreu no início deste mês, pode ter ajudado a encorajar as novas vítimas a falarem sobre os respectivos casos e procurarem o Ministério Público. “Cada vez que uma vítima vem a público, isso reforça e encoraja outras a fazerem o mesmo”, afirma.
Um ano de prisão domiciliar
Nesta quarta-feira, 31/03, completa um ano desde que João Teixeira teve o pedido de prisão domiciliar atendido pela Justiça. No final de março do ano passado, a então juíza da comarca de Abadiânia, Rosângela Rodrigues dos Santos, acatou a solicitação feita pelos advogados.
Eles alegaram que o quadro grave de saúde do réu, depois de várias internações, o colocava em situação de vulnerabilidade dentro do sistema prisional. A juíza entendeu pela necessidade de prisão domiciliar, destacou a gravidade dos crimes pelos quais ele é acusado e lembrou, ainda, o fato de ele ser do grupo considerado de risco da pandemia da Covid-19.
João de Abadiânia tem 78 anos. Ele já foi condenado em primeiro grau em três processos, que somam mais de 62 anos de reclusão, e cumpria pena em regime fechado, desde dezembro de 2018, quando foi preso pela polícia numa estrada vizinha a uma de suas fazendas.
Desde 31 de março de 2020, ele segue em casa, em Anápolis e está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. A decisão estipulou algumas regras para ele, como: entrega de passaporte ao Judiciário, proibição de frequentar a casa de Dom Inácio de Loyola, não poder sair de Anápolis, comparecer ao Judiciário todo mês e não manter contato com vítimas e testemunhas citadas nos processos.