Com a colaboração do Município de Anápolis, governo estadual finalmente ultima preparativos para liberar parte da área da Plataforma Logística
No dia 31 de outubro de 2002, era publicada a Lei Estadual nº 14.293, autorizando a desapropriação de áreas para a então Plataforma Logística Multimodal de Anápolis. O projeto retroagiu seus efeitos a 9 de abril daquele mesmo ano.
Passados quase 20 anos, portanto, a Plataforma Logística ainda não se consolidou e, somente agora, enfim, uma parte da área será aproveitada para abrigar indústrias. O que, aliás, era propósito da iniciativa. Mas, por razões adversas e não muito bem explicadas ao longo dessas duas décadas, o projeto literalmente estacionou.
Com apoio da gestão do prefeito Roberto Naves, em breve a Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás (Codego) deverá anunciar a disponibilização de uma parte da área da Plataforma Logística de Goiás- PLG (após modificações no projeto esta foi a nova nomenclatura dada ao mesmo), para abrigar novos investimentos fabris.
No total, a área da Plataforma Logística é de 6.697.900 metros quadrados. A área que está sendo destinada à ampliação do Distrito Agro Industrial de Anápolis é de 1.133.000 metros quadrados. Essa área será dividida em 114 lotes.
O secretário de Indústria e Comércio do Estado, Joel Sant`Ana Braga, em entrevista à imprensa na última quarta-feira, 16/02, informou que logo que findarem os trâmites burocráticos para a liberação dos lotes, será iniciado o trabalho para a ocupação desses espaços.
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É, pode-se dizer, uma luz no fim do tunel (não o da ferrovia Norte-Sul, que também é um projeto ainda não efetivamente consilidado em Anápolis) de um processo longo, que já gerou muitos debates no Município.
A Plataforma Logística teve a sua luta personificada na figura do capitão Waldy O´Dwyer, um dos pioneiros da indústria anapolina, que passou dos 100 anos, contudo, sem poder ver o seu sonho se transformar em realidade.
A ideia, em si, é boa. Os projetos então elaborados, inclusive, têm muita riqueza de detalhes. Um deles, elaborado por uma consultoria de São Paulo e apresentado em uma audiência pública, em 2013, chega a fazer uma projeção da movimentação de cargas através de paletes, pátios, silos, tanques e contêiners. Neste caso, a projeção para o período 2015-2041 ultrapassaria 392 milhões de toneladas. Convertido isso em cifras, seria muito dinheiro, certamente.
Mas, nenhuma tonelada, efetivamente, foi movimentada. Nenhum centavo foi acrescido à economia.
Integração não resolvida
Para ser uma plataforma, conforme está preconizado no projeto, haveria a necessidade de integração da parte empresarial e administrativa da Plataforma Logística com o Aeroporto de Cargas e com a Ferrovia Norte Sul.
O Aeroporto de Cargas, assim como a Plataforma Logística, é outro projeto que não decola, não sai do papel. São vários problemas, muito dinheiro já gasto (estima-se mais de R$ 300 milhões) e, de fato, nenhuma evidência, até o momento, de que o aeroporto possa vir a funcionar e ter a integração com a PLG.
Não há, também, no momento, nenhuma sinalização sobre o início efetivo das operações da Ferrovia Norte-Sul, no trecho que Anápolis faz parte.
Aliás, só para lembrar, a ferrovia- um projeto que remonta mais de três décadas (começou lá nos anos 1980, idealizado pelo entao presidente José Sarney)- teve a inauguração do trecho Anápolis- Palmas (TO), inaugurado pela então presidente Dilma Rousseff, no dia 22 de maio de 2014. Somente esse trecho teve investimento estimado de cerca de R$ 4,2 bilhões.
Em 2019, a Rumo S/A, empresa ligada ao Grpo Cosan, arramatou a concessão de 1.537 quilômetros da Norte-Sul, ofertando um lance de R$ 2,7 bilhões na época, para exploração durante 30 anos. No dia 31 de julho daquele mesmo ano, quando Anápolis completava 112 anos de emancipação, o presidente Jair Bolsonaro veio à cidade participar da mega solenidade de assinatura do contrato de concessão.
Porém, a ferrovia não está ainda operacional e, dessa forma, quebrando mais um dos tripés de integração da PLG, cuja finalidade seria aproveitar no complexo os modais rodoviário, aéreo e ferroviário.
Assim, o projeto da Plataforma Logística e aqueles a ele integrados, são ainda aguardos. Enquanto eles não chegam, ao menos, houve uma vitória do bom senso para se destinar parte da área da PLG para a expansão do DAIA. O que, aliás, já deveria ter ocorrido há muito tempo.
Se a Plataforma Logística irá, de fato, se viabilizar, só o tempo dirá. Tomara que sim. Mas a torcida é que não seja mais uma espera tão longa como foi até agora.
Novos horizontes
O secretário Joel Sant`Ana Braga, na entrevista, enfatizou que o Estado está ajustando a sua legislação, no sentido de fomentar a atração de grandes empresas de e-comerce. Essas empresas, em geral, possuem grandes centros de distribuição, muitos deles, distribuindo produtos para o varejo tradicional.
E, na sua avaliação, pelas suas características, Anápolis tem perfil para abrigar invetimentos dessa natureza, tornando-se um hub logístico.
É, de fato, uma boa alternativa, desde que não siga o mesmo compasso do projeto da Plataforma Logística.
Anápolis tem e precisa de retomar o seu protagonismo como polo industrial. E o que vier além disso será uma consequência.