A proposta de reforma previdenciária, em andamento é, apenas, um arremedo de reforma.
No bojo, ela mantém muitos privilégios. Existem os que pensam que o déficit previdenciário seja culpa das pensões aposentadorias pagas aos trabalhadores de baixa renda. Não é verdade. Eles são os menos culpados. Passam mais da metade da vida recebendo baixos salários e, ao final percebem uma ninharia que nem pode ser chamada de aposentadoria.
Do outro lado, existem os que vivem à sombra do poder e que têm (quando passam para o time dos inativos), como prêmio, muito dinheiro para gastar. É a chamada minoria elite dominante. Hoje, o trabalhador assalariado, quando se aposenta, passa a receber um salário mínimo, ou, pouco mais do que isto. Claro, depois de haver trabalhado, 35, 40, 45 anos. Mas, os bafejados pela sorte, incluindo-se servidores públicos do chamado alto escalão (políticos, militares, estas coisas), ficam num patamar bem acima do cidadão comum. Basta ver quanto um deputado; um senador; um militar; um juiz recebem como aposentadoria. Muitas delas conseguidas pelo jeitinho brasileiro.
Os casos são os mais escabrosos possíveis. Gente que ficou um dia como gerente, diretor, ou, comandante, consegue a famosa “incorporação” e quando se aposenta, leva esta vantagem e a acrescenta aos vencimentos. Não é fácil ser aposentado do Brasil. Não é fácil, claro, para quem está amarrado à CLT, ou, a quem paga o “carnezinho alaranjado” todo mês. Para os protegidos do regime, sim, é moleza. Eles se aposentam e vão passear, todo ano, na praia. Compram chácaras, sítios e apartamentos caros. Vivem uma vida irreal, ou, surreal. Dados do próprio Governo Federal mostram aposentados e pensionistas que recebem 50, 60, até, 80 mil reais todo mês.
Se o Governo quisesse, mesmo, promover a justiça social, cumprir o que estabelece a Constituição, primeiro de tudo, teria de fazer um recadastramento geral de aposentados e pensionistas. Ver quem é quem, quem está ganhando quanto e como está ganhando. Aí, sim, haveria a chamada igualdade. Mas, cadê o peito pra isso? Quem teria a coragem de mexer nas aposentadorias ministros dos tribunais federais, de ex-senadores, ex-deputados, ex-juízes, ex-governadores? Do que se sabe, hoje, ninguém. Então, é continuar enganando a população, penalizando a quem já vive penalizado e vida que segue. O sonho de todos nós é que, um dia, quem sabe, o Brasil tenha a chamada justiça social e que o mérito seja dado a quem, de fato, merece. Do jeito que está proposto, o rico ficará, cada vez, mais rico. E, o pobre, cada vez, mais pobre.