Quase 40 milhões de brasileiros pagaram por jogos online em 2025, segundo pesquisa da CNDL e SPC Brasil.
A popularização das apostas online no Brasil tem gerado impactos significativos na vida dos consumidores. Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, revela que 39,5 milhões de brasileiros pagaram por pelo menos um jogo online nos últimos 12 meses. As apostas esportivas lideram entre os usuários, representando 54% dos apostadores, com predominância masculina. Jogos de cassino como slots (28%), roletas (22%) e caça-níqueis (20%) também aparecem com destaque.
Os principais motivos para iniciar nas apostas são curiosidade (35%), desejo de ganhar dinheiro rápido (22%) e busca por adrenalina ou diversão (22%). A frequência de uso é alta: 24% jogam semanalmente, 18% duas a três vezes por semana e 11% apostam diariamente. O Pix é o método de pagamento mais utilizado (76%), seguido pelo cartão de crédito (11%). O gasto médio mensal é de R$ 187, chegando a R$ 255 entre as classes A e B.
Risco financeiro
A pesquisa aponta que 19% dos apostadores comprometeram sua renda com jogos e 41% deixaram de consumir itens essenciais para apostar, como alimentação fora de casa (15%), internet (12%), supermercado (12%) e passeios em família (10%). Além disso, 17% deixaram de pagar contas e 29% já tiveram o nome negativado por causa de apostas, sendo que 17% ainda estão nessa situação.
Os impactos vão além das finanças. Cerca de 28% dos entrevistados relatam efeitos negativos como irritação, endividamento, conflitos familiares e problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão. A produtividade no trabalho ou nos estudos também foi afetada para 7% dos apostadores. Segundo José César da Costa, presidente da CNDL, os dados acendem um alerta para a necessidade urgente de regulamentação que proteja os consumidores, especialmente jovens e famílias.
Regulação urgente
O levantamento mostra que 28% dos apostadores buscaram formas de conseguir dinheiro para continuar jogando, como empréstimos (17%), adiantamento salarial (8%) ou venda de bens próprios ou da família sem consentimento (7%). Apesar de 37% tentarem parar ou reduzir as apostas, apenas 21% buscaram ajuda, recorrendo principalmente à igreja, familiares ou profissionais de saúde.
A percepção pública sobre o setor também é crítica. Quase metade dos entrevistados conhece alguém próximo que teve problemas com apostas online. Entre os pais, 9% relataram envolvimento de adolescentes, com consequências como mentiras à família (22%), sintomas de ansiedade ou depressão (18%) e perdas financeiras (15%).
A publicidade de apostas é vista negativamente por 60% dos entrevistados, especialmente quando promovida por celebridades e influenciadores digitais. Como resultado, 41% deixaram de seguir esses criadores. As medidas mais sugeridas para mitigar os danos incluem campanhas de conscientização (44%), proibição de publicidade com famosos (41%), restrição de marketing para jovens (35%), educação nas escolas e redes sociais (30%) e aumento de impostos sobre apostas (27%).
Apesar de 37% defenderem a proibição total dos jogos online, a maioria (56%) prefere que eles continuem permitidos, mas com regras mais rígidas e fiscalização. Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, alerta que o uso de cartão de crédito e o fácil acesso a empréstimos para apostar aprofundam o risco de inadimplência. Ele defende uma atuação conjunta entre governo e sociedade para proteger a saúde financeira das famílias brasileiras.
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