Não é exagero falar que a mulher está presente ao longo de toda a história da cidade e nas mais diferentes áreas. Isso reforça a máxima que “lugar de mulher é onde ela quer estar”
Daria um livro de dezenas ou até centenas páginas, fazer um retrato fiel da participação da mulher ao longo de toda a história de Anápolis. Seria pretensão alcançar todas aquelas que, no seu papel, deram parte de suas vidas e suas próprias histórias em contribuição para a cidade, muitas delas de forma anônima.
Essa reportagem, pois, resume-se a uma espécie de “testemunho jornalístico”, que traz à lembrança algumas mulheres que fizeram e fazem parte da história de Anápolis. Mas, certamente, todas se sintam presentes neste “testemunho”, porque todas são importantes, pois lugar de mulher é onde ela quer estar e cada uma tem, assim, o seu lugar reservado ao reconhecimento.
A presença e a participação da mulher na história de Anápolis, vem desde os primórdios do seu surgimento. Aliás, nem projeto de vila ainda se tinha.
Conta a história que lá nos idos de 1859, Dona Ana das Dores, de passagem, pela região, vinda de Jaraguá, passava com uma comitiva pela região. Um dos animais desapareceu e, ao ser encontrado, ele não saia do lugar. Na carga daquele animal havia uma imagem de Sant´Anna.

Assim, a teimosia do animal foi interpretado como um sinal e Dona Ana prometeu que doaria a imagem à primeira capela construída no local. O que foi feito por seu filho, Gomes de Souza Ramos e, assim, a história da cidade começou.
O tempo passou e as mulheres continuaram protagonizando feitos importantes no município. Na década de 1920, o missionário inglês James Fanstone se estabeleceu em Anápolis e, junto com a sua esposa Ethel Marguerite Peatfield, mais conhecida como Dona Dayse, fincaram raízes e foram pioneiros, com outros, na criação do Hospital Evangélico Goiano, do Colégio Couto Magalhães e a Associação Educativa Evangélica, mantenedora da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA).
A primeira eleição municipal para escolha de prefeitos e vereadores, após a criação da Justiça Eleitoral, em 1932, ocorreu no ano de 1947, no dia 19 de janeiro. Naquela oportunidade, Anápolis elegeu a sua primeira vereadora, Francisca Miguel.
Também na década de 1940, o município recebia a primeira escola só para mulheres, o Colégio Auxílio, que teve como fundadoras as Irmãs Salesianas de Dom Bosco.
Além-mares, Anápolis recebeu talentos de Hollywood, atraídas pelo desenvolvimento do país na chamada “Marcha para o Oeste”, no governo de Getúlio Vargas. Na década de 1950, desembarcaram por aqui Joan Lowell, Mary Martins e Janet Gaynor. Elas vieram e participaram da vida da cidade, inclusive, nos tradicionais bailes do Clube recreativo Anapolino (CRA).

Mas, seguindo adiante, no início da década de 1960 foi inaugurada a Santa Casa de Misericórdia, que traz no DNA da sua história uma mulher que muito laborou pelos pobres e os enfermos: a irmã Rita Cecílio.
Na literatura, no ano de 2000, era criada a União Literária Anapolina, a ULA, tendo à frente como uma das fundadoras a escritora Dona Loló.
No jornalismo, são várias e várias as mulheres que deram e dão sua contribuição. Mas, só para citar algumas: Haydée Jayme, que era também historiadora e escreveu o livro “Anápolis, sua história, seu povo”. Violeta Pitaluga, que assinava com o pseudônimo de Martha Celeste, assinava artigos para o combativo jornal “A Voz do Sul”, na década de 1930. Além ainda de Lucélia Cunha, Anésio Cecílio e tantas outras.
Não há também como não reservar espaço ao reconhecimento às primeiras-damas de Anápolis. Foram muitas, mas em especial, Dona Dulce de Faria, esposa do saudoso prefeito Anapolino de Faria, que deixou grande legado na área social, sobretudo, com o Projeto Dom Bosco.
A participação das mulheres na vida política de Anápolis, de Goiás e do Brasil
O protagonismo das mulheres na política é um referencial importante. Ele tem como um dos marcos, a eleição da vereadora Francisca Miguel, no pleito de 1947. Ela abriu caminho a outras mulheres que ao longo dos anos ingressaram no parlamento anapolino.

Além dela, tem-se: Maria Conceição Meireles, Marlene Barbaresco, Mirian Garcia, Dra. Dinamélia Rabelo, Dra. Gina Tronconi, Professora Geli Sanches, Vilma Rodrigues, Thaís Souza, Elinner Rosa, Andreia Rezende, Seliane da SOS, Dra. Trícia Barreto, Cleide Hilário e Capitã Elizete.
Só um parêntese, pela primeira vez na história da Câmara Municipal, a Casa de Leis é comandada por uma mulher: a vereadora Andreia Rezende.

Na Assembleia Legislativa, quem abriu as portas da participação das mulheres anapolinas foi Onaide Santillo, que exerceu o cargo por três mandatos. Onaide foi também primeira-dama do município, com uma enorme folha de serviços prestados a Anápolis e ao estado de Goiás, nas suas atuações.

Além de Onaide, Carla Santillo também exerceu o cargo de deputada estadual e foi a primeira mulher a presidir o Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), cargo que também foi exercido por seu pai, Henrique Santillo, um dos políticos mais notáveis que Goiás já teve e deu ao Brasil.

Atualmente, o parlamento goiano tem mais uma representação feminina de Anápolis, através da deputada estadual Viviam Naves, esposa do ex-prefeito Roberto Naves. Ela que teve, também, atuação destacada como primeira-dama e várias iniciativas importantes na área social.
A representação de Anápolis na Câmara Federal teve o nome da enfermeira Lídia Quinan, esposa do empresário Onofre Quinan (Grupo Onogás). Ele foi vice-governador de Goiás e esteve à frente da Administração Estadual, com Lídia assumindo a função de primeira-dama do Estado.
Lúcia Vânia, que foi casada com o ex-prefeito de Anápolis, Irapuan Costa Júnior, além de primeira-dama da cidade, projetou-se na política e exerceu três mandatos na Câmara Federal e três no Senado, além de ocupar a Secretaria Nacional de Assistência Social.
Nesse breve resumo, nota-se que Anápolis tem voz e a voz delas é a voz da construção de uma sociedade mais justa e democrática. E o que se espera é que esse protagonismo da mulher anapolina na política seja cada vez maior.
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