No último ano, devido a Covid-19, todas as pessoas do mundo foram obrigadas a se adaptarem a um estilo de vida completamente diferente do que sempre foi entendido como normal. Essa mudança de realidade trouxe o aumento da convivência, evidenciando problemas familiares que costumavam ser ignorados devido a correria do dia a dia.
Segundo o Colégio Notarial do Brasil, entidade que reúne os cartórios de notas do país, o segundo semestre de 2020 registrou o maior número de divórcios para o período desde o início da prática do ato em cartório, em 2007. O total foi de 43.859 dissoluções matrimoniais. Em Goiás, comparando os dados de 2019 com os dados do ano passado, os divórcios tiveram um aumento de 33%,8.
Esses dados, ao serem analisados, geram uma pergunta: o real problema foi o momento pandêmico ou já existia entre esses casais a falta de amor, sintonia, cumplicidade e empatia? A correria do dia a dia fazia com que esses casais se viam somente de noite, e muitos, olhe lá. Acordavam cedo, faziam o café e saiam de casa, e mesmo precisando ficar com as crianças existia um momento do dia que os pequenos iam para a escola. De certa forma, davam um tempo para os pais.
O que vemos é que as incompatibilidades ficaram mais evidentes nesse período de isolamento social, antes existia uma rotina. Foi criado uma expectativa sobre a vida a dois. E agora, muita coisa mudou em relação ao estresse cotidiano, divisão de tarefas dentro de casa, ajuda para cuidar dos filhos, incerteza com o futuro, desemprego, as crianças irritadas dentro de casa. São tantos fatores.
Todos sabem que um divórcio não vem da noite pro dia, mas acreditamos que a pandemia pode ter contribuído tendo em vista essa questão do confinamento, outro fator também é a facilitação dos trâmites dos processos que agora podem ser feitos por meio da internet. O casal precisou ficar mais tempo junto e agora o equilíbrio emocional vai falar mais alto dentro de casa. Pessoas que levariam o casamento por mais tempo, com a pandemia decidiram tomar uma atitude e sentiram uma necessidade de resolução.
Mas será que essa é realmente a melhor forma de resolver? Os casais que juntos decidiram assumir a responsabilidade do matrimônio na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza precisam descobrir novos caminhos que os levem ao desfrute que só a vida a dois pode oferecer. Antes de casar pense nisso. Case-se com uma pessoa que a companhia dela seja melhor do que seus demais talentos. Se a resiliência não se tornar um exercício frequente, a tendência é que os cartórios que também realizam a união civil se tornem apenas centros especializados em divórcios.