A identidade – Recentemente, em visita a um grande amigo, enquanto conversávamos animadamente na porta de sua casa, sua esposa apareceu e perguntou: “Onde está a chave da Stradinha?”. É curioso como alguns objetos perdem sua identidade e passam a ser chamados pelo nome de uma marca. Exemplos disso são: Gillette — nome adotado para qualquer lâmina de barbear; Bombril — esponja de aço; Xerox — fotocópia. Algo similar acontece com a Strada (ao menos na família do meu amigo Carlos), onde qualquer veículo pequeno com carroceria é chamado de Stradinha, rsrs.
A Fiat tem um bom posicionamento no mercado de picapes. A Strada é um exemplo de sucesso, sendo líder de vendas no Brasil. A Toro é outra pick-up que, por vezes, parece não ter concorrentes. Muitos fabricantes se tornam conhecidos por lançamentos que se transformam em ícones da marca, confundindo-se com sua identidade. Esse é o caso da FIAT no segmento de picapes de pequeno porte. Agora, aproveitando sua reputação, a montadora lança a TITANO, uma pick-up de médio porte.
Um Peugeot da Fiat
O lançamento da TITANO tem uma história à parte. Já produzida pelo grupo, porém com outra marca — a Peugeot —, o modelo Landtrek, fabricado no Uruguai, conquista pelo design equilibrado e características visuais inconfundíveis. O dente de sabre, presente nos modelos da Peugeot, pode ser visto nas luzes diurnas ao ligar o veículo. O interior é quase idêntico, com detalhes que incluem o famoso estilo de teclas tipo piano no centro do painel.
A motorização da TITANO é um 2.2 turbodiesel que desenvolve 180 cv, com câmbio de 6 marchas. Os freios são bem calibrados, com discos nas rodas dianteiras e tambor nas traseiras, garantindo boa resposta sem mudanças inesperadas de direção.
Teste
A equipe do Motor e Cia passou um final de semana com uma FIAT TITANO cedida pela Autoeste Automóveis de Anápolis-GO. O veículo foi entregue limpo, com combustível suficiente para que fosse testado tanto no asfalto quanto em estrada de terra.
A primeira impressão foi a de um veículo com acabamento interno mais espartano, focado em economia mais do que em status, o que facilita a limpeza. A ergonomia é boa, permitindo ajustes rápidos para encontrar a melhor posição de dirigir, o que contribui para uma boa experiência em viagens. O painel é de fácil leitura, amigável para qualquer pessoa.
Como esperado de uma pick-up, a suspensão não prioriza o conforto. Mesmo os modelos que se destacam pela suavidade não escapam da característica robustez desse tipo de veículo. A suspensão traseira da TITANO é composta por feixes de molas, típicos para suportar condições off-road e cargas pesadas. No asfalto, a sensação é de conforto, mas a calibração mais firme prejudica a suavidade.
Ao testar a tração 4×4 e a reduzida, notamos que a TITANO desempenha bem sua função em terrenos difíceis. No quesito desempenho, sua arrancada dá a impressão de que o tempo de 0 a 100 km/h será inferior ao oficial de 14,7 segundos divulgado pela FIAT.
Consumo
Com um tanque de 80 litros, a TITANO tem autonomia superior a 700 km, considerando os números oficiais: 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na rodovia. A diferença entre as versões com câmbio manual e automático é pequena em termos de consumo.
Preço
No segmento de pick-ups médias, a TITANO tem um preço competitivo. Em algumas versões, o produtor rural ou empresário pagará quase o mesmo que uma FIAT Toro Ranch. Contudo, neste mercado específico, a fidelização do cliente é um fator relevante. Muitos consumidores trocam suas pick-ups por outras da mesma marca sem testar a concorrência. Com o tempo, é provável que a FIAT faça adaptações para fidelizar ainda mais o público, como aconteceu com a Strada e a Toro.
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